Com o fim do prazo dado por Israel para que moradores do norte da Faixa de Gaza deixem suas casas em direção ao sul, milhares de palestinos se deslocaram às pressas enquanto a região é tomada pela tensão de um ataque ostensivo pelo Exército israelense.
O ultimato das Forças de Defesa de Israel foi comunicado na 5ª feira (12.out.2023) e se encerrou por volta de 18h desta 6ª feira (13.out). A ordem estabeleceu 24 horas para que as pessoas deixassem o local por questão de “segurança”. A recomendação é que os civis só voltem à região quando forem orientados pelo governo israelense. Com a mobilização de tanques e tropas na fronteira, há expectativa de que uma operação por via terrestre possa começar nas próximas horas.
A retirada de civis inclui a Cidade de Gaza, com cerca de 700 mil habitantes, e os campos de refugiados de Jabalya (116 mil) e Beach (90.000). Também envolve as cidades de Beit Hanoun e Beit Lahia, próximas à Passagem de Erez, principal ponto de travessia por via terrestre e controlada por Israel.
O país impôs um cerco à entrada de alimentos, água e combustíveis como forma de pressionar o grupo extremista Hamas, que controla a região desde 2005, a libertar reféns sequestrados de Israel durante a incursão feita ao país no sábado (7.out).
Ao todo, a ordem de saída afeta cerca de 1,1 milhão de pessoas, ou quase metade dos cerca de 2,3 milhões de palestinos em Gaza. O porta-voz da ONU (Organização das Nações Unidas), Stephane Dujarric, disse ser logisticamente “impossível” cumprir com o deslocamento no tempo dado “sem consequências humanitárias devastadoras”.
Apesar da ordem para a retirada, o Hamas orientou que os palestinos permaneçam em suas casas. Os combatentes alegam que, se realizada, a saída de civis deixaria o grupo exposto a ataques realizados por incursão terrestre.
O grupo extremista também acusou Israel de descumprir o prazo estabelecido e matar pelo menos 70 palestinos, a maioria formada por mulheres e crianças, que se deslocavam rumo ao sul, segundo o Al Jazeera.
Até a manhã desta 6ª (13.out), um relatório da ONU estimativa que mais de 423 mil palestinos em Gaza já haviam deixado suas casas em direção ao sul do país. O transporte inclui pessoas em carros, motos, caminhões e a pé.
Para cumprir com o pedido de Israel para deixar a região Norte da Faixa de Gaza, os palestinos têm de percorrer um trajeto de cerca de 13,8 km até o ponto de saída na ponte de Wadi Gaza, região central do território.
O percurso até a ponte equivale a uma caminhada de cerca de 3h ou um trajeto de 30 minutos de carro. O território inteiro da Faixa de Gaza tem 365 km², sendo 41 km de comprimento e 10 km de largura.
Há 19 brasileiros abrigados em uma escola da região que aguardam o amanhecer no horário local para realizar uma nova tentativa de saída, intermediada pelo Itamaraty. A 1ª tentativa foi frustrada porque o ônibus usado para retirar o grupo do local não conseguiu percorrer o trajeto, atingido por bombas, levando ao adiamento da missão de resgate.
Os brasileiros tentam chegar a Khan Yunis, na região sul de Gaza. Dali, o governo do Brasil quer tentar retirar o grupo por meio da fronteira com o Egito. Os egípcios, porém, ainda não liberaram a passagem pela região. Um avião da Presidência da República está em Roma, na Itália, onde aguarda autorização para seguir para o Egito.