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Transtorno dissociativo de identidade acomete 1,5% da população

Publicado 01.10.2023, 06:01
Atualizado 01.10.2023, 06:10
© Reuters.  Transtorno dissociativo de identidade acomete 1,5% da população

O TDI (Transtorno Dissociativo de Identidade) é uma doença rara que acomete só 1,5% da população. Para a psicologia, a dissociação é um conjunto de experiências que levam o indivíduo afetado a se distanciar da realidade. Esse fenômeno abarca inúmeros transtornos mentais, que apresentam essa característica como sintoma.

Segundo Antônio de Pádua, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, o TDI está classificada dentro dos transtornos transformamentais, porque leva o indivíduo acometido pela doença a mudar seu funcionamento.

Uma das questões centrais do TDI está na perda de memória dos afetados, que têm suas atividades práticas prejudicadas, como explicou Antônio de Pádua.

“Quando a pessoa se associa a uma nova identidade, ela tem dificuldade de memória, tem prejuízo de memória até das atividades que ela tinha que fazer”, declarou.

Segundo o especialista, a pessoa afetada pode “esquecer determinadas atividades. Uma nova personalidade pode vir com habilidades distintas da anterior, e isso prejudica o andamento do dia a dia dela, relacionamentos, tudo isso”.

Possíveis causas

Conforme Antônio de Pádua, uma das causas do TDI está associada à ocorrência de alguma experiência traumática, principalmente a históricos de violência física e abuso.

Traumas são questões complexas na psicologia, porque o desenvolvimento de alguma doença depende de como esses indivíduos vivenciam determinadas situações.

Entretanto, Pádua afirma que, no caso do TDI, não são todas as pessoas que, ao passar por um quadro de estresse ou de violência – na infância, principalmente – desenvolverão a doença. É preciso de uma série de fatores e pré-disposições no indivíduo e sua vivência para que isso aconteça.

Leila Tardivo, professora do Instituto de Psicologia da USP, comenta que alguns autores não identificam a questão do trauma como um estopim para o desenvolvimento da doença.

Porém, mesmo que não haja consenso sobre o que gera o transtorno dissociativo de identidade, existe uma concordância sobre a ideia de o indivíduo passar por um sofrimento e o desejo de fuga daquela situação.

Faces do TDI

A manifestação das personalidades não segue um padrão e não acontece de forma igual com todos os acometidos pela doença, declarou a especialista Leila Tardivo.

“Tem duas formas de essas personalidades aparecerem: uma dominando as outras e a mesma pessoa não sabe disso, pois não tem controle e as personalidades se conhecem. Como pode ser de uma maneira em que há uma inconsciência, de certa maneira, quando tem uma predominando e as outras não sabem”, disse.

Dependendo do grau em que as trocas de personalidade acontecem, os indivíduos acometidos pela doença conseguem percebê-la. Além disso, é possível perder o controle total das personalidades, se não houver uma intervenção psicológica e psiquiátrica.

De maneira geral, as pessoas manifestam novas características de funcionamento associadas ao gênero biológico. Contudo, é possível que os indivíduos assumam características do gênero oposto.

Diagnóstico e cuidados

Segundo o professor Antônio de Pádua transtorno dissociativo de identidade não tem cura, mas a psicoterapia e alguns medicamentos –dependendo do grau da doença– conseguem ajudar no tratamento.

“A terapia é muito importante, assim como um diagnóstico. Então, bons profissionais precisam estar muito cientes das queixas para avaliar esses aspectos e dar um segmento nesse tratamento”, afirmou.

Além disso, o docente acrescentou que a medicação às vezes é necessária, porque o indivíduo percebe essas mudanças e esse fluxo que gera sofrimento.

O transtorno também pode vir acompanhado de crise de ansiedade, depressão, e as medicações vão ser mais voltadas para redução desse quadro.

Como explicam os especialistas, é difícil realizar um diagnóstico preciso, porque pode ser confundido com outras doenças que apresentam transições de personalidade, e também porque o próprio indivíduo pode não entender o que está acontecendo.

“Muitas vezes, a própria pessoa demora a perceber se ela sente uma estranheza […] e isso pode começar na infância ou na adolescência. Entende-se que, muitas vezes, as crianças têm fantasias. Porém, na fase adulta, essas condições começam a se identificar, como mudanças bruscas no funcionamento daquela pessoa e mudanças de atitude”, declarou Pádua.

Com informações da USP

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