Investing.com - O presidente Jair Bolsonaro fez o discurso de abertura na 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas, nesta terça-feira na sede da instituição em Nova York. Foi a primeira vez que ele participa do evento, que reúne anualmente a maior parte dos chefes de Estado do planeta. Tradicionalmente, cabe ao presidente do Brasil fazer o discurso de abertura do evento.
A entrevista está disponível no vídeo abaixo, no final da matéria. Logo abaixo, o Investing.com apresentou um panorama com a expectativa em relação ao discurso do presidente brasileiro. O resumo da fala de Bolsonaro está disponível aqui.
Pauta do discurso
Bolsonaro já deixou claro que o ponto principal do seu pronunciamento será a defesa das ações do governo na Amazônia, após a repercussão negativa dos incêndios que vêm ocorrendo na região ao longo das últimas semanas.
O discurso é oportunidade para o governo brasileiro de baixar as críticas quanto à sua política ambiental à maior floresta do mundo, além de vender a imagem de que o Brasil tem compromissos com ações contra desmatamento e é favorável ao desenvolvimento sustentável, sempre reivindicando a soberania do país na região. Ou pode colocar mais lenha na fogueira.
Meio ambiente x Interesses econômicos
O que está em jogo não é apenas a preservação ambiental: a repercussão negativa dos incêndios e a resposta agressiva do governo brasileiro podem trazer prejuízos econômicos e financeiros ao país. Na semana passada o Parlamento da Áustria rejeitou o acordo comercial Mercosul-União Europeia alegando as queimadas como impeditivo do acordo.
Além disso, a crescente imagem negativa do país por conta do episódio pode levar consumidores de outros países a boicotarem os produtos brasileiros, especialmente os do agronegócio, que também sofrem a ameaça de serem impedidos de entrar em outros países por barreiras não-tarifárias.
Investimentos no Brasil
Em relação à questão financeira, fundos de 30 países que movimentam US$ 16 trilhões em ativos exigiram, na semana passada, ações contra desmatamento em contrapartida para alocação de seus recursos no país. Vale ressaltar a aposta da equipe econômica em contar com esses recursos para os planos de concessões e privatizações em um ambiente econômico-financeiro internacional de juros negativos.
No entanto, a crise da Amazônia é isolada e não afasta o investidor estrangeiro na avaliação do vice-presidente executivo da S&P Global, Ewout Steenbergen, em entrevista à edição desta terça-feira à Folha de S.Paulo. O executivo afirmou que a retomada do crescimento acima do 1%, atrelada à aprovação das reformas e da estabilidade política, é um fator crucial para o investidor estrangeiro decidir alocar seus recursos no Brasil, embora ressalte que compromissos com questões ambientais e sociais serão fatores relevantes em decisões dos investidores no futuro.