O economista Joseph E. Stiglitz, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2001, disse em palestra na 2ª feira (11.set.2023) no STF que o Brasil está certo em buscar a simplificação dos impostos. Atribuiu esse esforço ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A reforma tributária está em discussão no Senado depois de ter sido aprovada pela Câmara.
Stiglitz é professor da Universidade Columbia, em Nova York. Disse que quem recebe dividendos deveria pagar impostos “pelo menos iguais aos dos trabalhadores”. A Câmara aprovou projeto em 2021, que está parado no Senado –o texto aprovado pelos deputados taxa os dividendos em 20%. O Imposto de Renda tem alíquotas de até 27,5%.
Stiglitz defendeu a aplicação de alíquotas progressivas, em que as pessoas com renda mais alta pagam mais. É o que vigora no IR no Brasil. “Isso reduz a desigualdade e beneficia também quem paga mais impostos”, disse Stiglitz.
O economista criticou as políticas pró-mercado promovidas em alguns países desenvolvidos a partir dos anos 1980, sobretudo Reino Unido e Estados Unidos: “O neoliberalismo fracassou. Aumentou a desigualdade e não resultou em crescimento maior do que em outros períodos”.
“DEMOCRACIA SOB ATAQUE”
Para Stiglitz, há ameaças à democracia em vários países hoje. Citou os EUA, que, em sua vião, “não estão fazendo um bom trabalho”.
Entre os países emergentes, declarou que considera Brasil e Indonésia como as maiores democracias. “Na Índia, há restrições à liberdade na imprensa e na academia. A Rússia e a China ninguém diria que são democracias”, afirmou.
Quer think tank emergente
Perguntado sobre a candidatura do Brasil para a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), Stiglitz respondeu que entrar para a organização não significa ter voz ativa entre os integrantes. Sugeriu que o Brasil lidere a criação de um think tank econômico de países emergentes, sem dizer se isso seria uma alternativa ou não ao ingresso na OCDE.
O economista criticou a OCDE por exigir no passado que países que ingressavam na organização eliminassem restrições à entrada e à saída de capitais. “Quando um país entrava para a OCDE, um ano depois havia uma crise financeira. Mas não sei como é isso hoje. O mundo mudou”, disse.