Três vereadores e 1 secretário municipal de Palmares do Sul, no litoral norte do Rio Grande do Sul, são suspeitos de desviar doações para as vítimas da tragédia ambiental que afetou a mais de 2,3 milhões de pessoas em 476 das 497 cidades gaúchas.
O presidente da Câmara Municipal, Sérgio Gil (PDT), confirmou à Agência Brasil, no domingo (9.jun.2024), que os vereadores Filipe Lang (PT), Manoel Antunes (PL) e Polon de Oliveira (União Brasil), e o secretário municipal de Administração, Rodrigo Machado Martins, estão entre os investigados da operação Desvio.
Com o apoio da Polícia Civil, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do MP-RS (Ministério Público estadual), deflagrou na semana passada duas fases da operação. Na 3ª feira (4.jun), foram cumpridos 4 mandados judiciais de busca e apreensão, incluindo contra Antunes, sua companheira e Martins.
Na ocasião, além de documentos e mídias eletrônicas que podem embasar as investigações, os agentes públicos apreenderam produtos doados por entidades de outros Estados que estavam em posse dos investigados.
No sábado (8.jun), os promotores do Gaeco e policiais civis cumpriram mais 11 mandados de busca e apreensão. Dois deles em endereços ligados a Lang e Polon. O 1º, que é pré-candidato a prefeito, chegou a ser detido por posse irregular de arma de fogo, mas foi liberado depois de pagar fiança. Já Polon é pré-candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada por Lang.
Embora as investigações ainda estejam no início, o MP-RS informou que as acusações de apropriação indébita, peculato e associação criminosa “já estão sendo apuradas e comprovadas”. De acordo com o órgão, “elas apontam que os investigados se aproveitaram dos cargos que ocupam para desviar donativos e oferecê-los em troca de votos em ao menos 1 dos 3 suspeitos”, sustenta o MP-RS, em nota, sem citar nomes.
“Tudo indica que foi uma doação para um pré-candidato [que concorrerá à prefeitura] no próximo pleito municipal [deste ano]. E já temos provas de que parte destes donativos foi encaminhada para famílias não flageladas, conforme planilhas apreendidas”, disse o promotor Mauro Rockenbach, sustentando que os donativos vindos de outras regiões do país não passaram oficialmente pela prefeitura.
Também em nota, a Polícia Civil informou que, durante a ação de sábado (8.jun), apreendeu “uma grande quantidade de donativos que seriam distribuídos de forma equivocada”, além de uma grande quantia em dinheiro, telefones celulares e documentos, um revólver sem registro e munições.
“Já pedimos informações ao Ministério Público e estamos esperando pela resposta dos promotores para podermos começar a apurar os fatos. Se necessário, vamos oficializar este pedido amanhã [10.jun] para podermos analisar as informações já disponíveis e verificar as medidas que devemos adotar”, declarou o presidente da Câmara Municipal, Sérgio Gil, à Agência Brasil, garantindo que ainda não conversou com Lang e Polon.
“Nas redes sociais, eles têm dito que são inocentes. Por isso mesmo, temos que tomar ciência dos fatos. Provavelmente, algum pedido de cassação de mandato vai ser apresentado. Algum partido vai representar contra eles –até porque eles são pré-candidatos, mas nada disso é objeto de ação imediata, há um trâmite legal, demorado”, acrescentou Gil, afirmando que Lang e Polon tinham denunciado a atual administração municipal por desvio de recursos públicos.
A Agência Brasil não conseguiu conversar com os 3 vereadores. Na 3ª feira (4.jun), horas depois da 1ª fase da operação Desvio ter sido deflagrada, Filipe Lang divulgou um vídeo em que confirma que foi intimado a prestar informações ao MP.
“Hoje [4.jun], o Gaeco e a Polícia Civil fizeram uma operação [devido à] suspeita de desvio de cestas de alimentos [doados à população de] Palmares do Sul”, disse Lang. O vereador acrescentou que o MP manteve contato com ele para questionar sobre um vídeo que divulgou no início deste mês.
“O MP também me chamou para obter esclarecimentos sobre um vídeo que eu divulguei no sábado [1º.jun], sobre uma articulação política que eu fiz, destinando 18 toneladas de donativos para o distrito do Quintão. Questionaram porque eu não destinei à prefeitura, mas sim a um grupo de voluntários do distrito. Respondi que não o fiz pelo mesmo fato [do MP-RS e a Polícia Civil] estarem fazendo [a operação, cumprindo] os 4 mandados de busca e apreensão contra diversas pessoas ligadas à prefeitura municipal”, comentou o vereador, afirmando ser alvo de ataques políticos em ano eleitoral.
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Com informações da Agência Brasil.