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Waters fica em SP após ser “rejeitado” em hotéis sul-americanos

Publicado 16.11.2023, 04:52
© Reuters.  Waters fica em SP após ser “rejeitado” em hotéis sul-americanos

O músico Roger Waters disse que “o lobby israelense” fez com que ele não conseguisse se hospedar em hotéis na América do Sul e, por isso, ele ficaria em São Paulo enquanto faz shows no continente. Ele se apresenta em Montevidéu (Uruguai) na 6ª feira (17.nov.2023) e em Buenos Aires (Argentina) na próxima semana.

De alguma forma, esses idiotas do lobby israelense conseguiram cooptar todos os hotéis em Buenos Aires e Montevidéu e organizaram este boicote extraordinário baseado em mentiras maliciosas que têm contado sobre mim”, afirmou Waters em entrevista ao jornal Página 12. “Eles fazem isso porque acredito nos direitos humanos e falo abertamente sobre o genocídio do povo palestino. E vou continuar fazendo isso”, completou.

Conforme a publicação, o hotel em que o músico ficaria em Montevidéu recebeu um e-mail em que o presidente do Comitê Central Israelense do Uruguai, Roby Schindler, diz que Waters é “misógino, xenófobo e antissemita” e que o músico “se aproveita de sua fama de artista para mentir e vomitar seu ódio contra Israel e todos os judeus”. No texto, lê-se que o hotel, ao hospedá-lo, estaria, “mesmo que não queira”, propagando o “ódio que este homem exala” e “contribuindo para o aumento da judeofobia”.

O músico afirmou que “estas pessoas, os Roby Schindler deste mundo” tentam “silenciá-lo” porque ele acredita nos direitos humanos. “Trata-se de uma sociedade colonial que não impede nada, nem mesmo o assassinato em massa”, disse, acrescentando que “essa sociedade” quer “proclamar a sua supremacia sobre outros povos e outras religiões”. Segundo ele, “as pessoas do mundo têm que detê-los”.

Waters declarou não ter recebido explicação para não conseguir se hospedar nos hotéis. “Eles simplesmente falam ‘não têm quarto’. E eu sei que, em Montevidéu, estão há semanas dizendo às pessoas, em todos os jornais, para não comprarem ingressos para o show”, disse. O artista afirma que sua apresentação “é muito política, muito frontal”.

O músico disse: “Estou ficando sem fôlego, já disse tudo o que poderia dizer. Espero que, no futuro, nossas vidas se cruzem para falarmos mais a fundo sobre música. Mas agora estou no meio de uma guerra. E não é a guerra contra mim que me importa, mas a carnificina de irmãos e irmãs em Gaza. É sobre isso que é importante falar hoje. Não os sentimentos do lobby israelita: eles merecem o nosso desprezo. E sim, estou profundamente zangado, isto é uma piada maluca e absurda, mas temos que fazer algo a respeito”.

ENTENDA O QUE É GENOCÍDIO

A palavra “genocídio” frequenta o noticiário político brasileiro em tempos recentes, sobretudo por causa da pandemia da covid-19. Governantes e políticos foram classificados como genocidas por não seguirem o que era o padrão dos procedimentos recomendados para combate ao coronavírus.

Ocorre que ser irresponsável ou tomar decisões contrárias ao senso comum na área de saúde pública ou em locais de conflitos bélicos não configura genocídio, quando se leva em conta o significado real do termo. O Poder360 fez uma reportagem a respeito do que é genocídio: leia aqui.

A palavra genocídio apareceu em 1944, durante a 2ª Guerra Mundial. Foi criada pelo advogado Raphael Lemkin (1900-1959), judeu polonês, para conceituar os abusos sofridos pelas vítimas do governo nazista. Vem da junção de genos, palavra grega que significa “tribo”, com cide, expressão latina para “matar”.

Segundo o professor do Instituto de Direito da PUC-Rio, Michael Freitas Mohallem, “o genocídio é o ato de destruir um grupo, seja étnico ou religioso, mas tem um elemento importante que é a intenção de um agente de erradicar um grupo específico”. Em suma, quem comete genocídio precisa deliberadamente desejar exterminar um grupo populacional.

Em 1948, o genocídio passou a ser definido como crime quando a ONU (Organização das Nações Unidas) realizou um evento para tratar sobre o tema, a “Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio”. No marco do direito internacional, os países-membros da organização se comprometem a fiscalizar e punir possíveis autores.

No caso da guerra entre Hamas e Israel, o conflito começou depois de um ataque por mar, terra e ar do grupo extremista ao território israelense em 7 de outubro de 2023. Nessa investida bélica surpresa, o Hamas matou indistintamente homens, mulheres e crianças, inclusive mais de 200 jovens que participavam de uma rave (festa). O grupo tem um estatuto público no qual inclui como um de seus propósitos a extinção de Israel.

Leia mais em Poder360

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