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5 principais assuntos para acompanhar nos mercados essa semana

Publicado 19.06.2022, 08:28
© Reuters.
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Por Noreen Burke e Leandro Manzoni

Investing.com - A Petrobras (SA:PETR4) anunciou um novo reajuste de preço dos combustíveis no Brasil na última sexta-feira (17) com forte reação do mundo político, o que deve prosseguir nessa semana em que será conhecida a prévia da inflação de junho.

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, estará novamente no centro das atenções esta semana em sua aparição diante do Congresso, na esteira da maior elevação dos juros realizada pelo banco central dos EUA desde 1994. Os comentários de Powell, junto com as falas de vários outros dirigentes do Fed, que farão pronunciamentos durante a semana, serão acompanhados de perto enquanto os mercados tentam avaliar a dimensão do aumento de juros esperado para a próxima reunião da autoridade monetária, em julho.

O calendário econômico dos EUA está leve, mas as atualizações sobre a saúde do mercado habitacional estarão em evidência em meio a sinais de rápido resfriamento. A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, deverá aparecer no Parlamento Europeu na segunda-feira para enfrentar questionamentos sobre a nova ferramenta de enfrentamento de crises do banco. Enquanto isso, a volatilidade do mercado de ações deve continuar, bem como a derrocada das criptos.

Aqui está o que você precisa saber para começar a sua semana.

CONFIRA: Calendário Econômico do Investing.com

1. As consequências políticas do aumento dos combustíveis no Brasil

A reação política do reajuste do preço da gasolina (5,2%) e do diesel (14,2%) nas refinarias da Petrobras da última sexta-feira prossegue nesta semana, que promete ser agitada. Na segunda-feira, o presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) e líderes da Casa vão se reunir para discutir a possibilidade de dobrar a alíquota da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) da Petrobras e alternativas à atual política de preços da estatal.

O presidente Jair Bolsonaro (PL), que afirmou no fim de semana que a Petrobras pode perder R$ 30 bilhões em uma possível CPI para investigar a empresa, deve sancionar o Projeto de Lei Complementar (PLP) 18 aprovado na semana passada pelo Congresso, cujo objetivo é a limitação em 17% ou 18% do ICMS incidente no preço dos combustíveis e a eliminação da cobrança de impostos federais (PIS/Cofins e Cide) sobre gasolina, etanol e gás natural veicular (GNL) até 31 de dezembro. Resta saber se o presidente vai sancionar o trecho em que um "gatilho" é criado para que governos estaduais sejam compensados caso a arrecadação do ICMS caia mais de 5% após a limitação de incidência sobre os combustíveis.

O PLP 18 foi uma "evolução" do PLP 11, no qual foi aprovado em março deste ano e previa o estabelecimento da monofasia tributária (quando o tributo é cobrado apenas uma vez na cadeia produtiva de uma mercadoria) para os combustíveis nos Estados, além de uma unificação de alíquota. Porém, a lei necessita de regulamentação pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), que reúne os Secretários estaduais de Finanças de todas as unidades federativas, o que foi postergado.

Na terça-feira, o ministro de Minas e Energia Adolfo Sachsida vai debater o preço dos combustíveis e a privatização da Petrobras na Câmara dos Deputados. No mesmo dia, o ministro da Economia Paulo Guedes também deve falar no Câmara sobr a reestruturação e o aumento dos Agentes de Segurança Pública, embora o tema preço dos combustíveis possa aparecer.

A ameaça da instalação de uma CPI para investigar a Petrobras também deve continuar na semana, com apoio do governo e da oposição. O Palácio do Planalto visa a agilidade para a saída do atual CEO da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho, que nega sair e cujo substituto, Caio Mário Paes de Andrade, já foi indicado pelo Ministério de Minas e Energia, mas que precisa de um aval do Conselho da estatal.

Além disso, os investidores vão monitorar tramitações de lei e decisões do STF sobre o assunto. No Congresso, cabe ressaltar as tramitações da PEC do Etanol (que visa instituir uma alíquota 30% menor ao da gasolina para o etanol), a PEC dos Combustíveis (que cria mecanismo de compensação aos Estados que zerar o ICMS sobre os combustíveis e, em troca, recebe um auxílio financeiro bancado pela União fora do teto de gastos), o Projeto de Lei 1472 (que altera política de preço de combustíveis da Petrobras e criar um programa de estabilização de tarifas, além de um "auxílio-gasolina") e a decisão do ministro André Mendonça do STF que obriga os Estados a uniformizar em todo o território nacional das alíquotas do ICMS da gasolina, diesel, etanol, biodiesel e gás a partir de 1º de julho.

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2. Testemunho de Powell

Powell deve testemunhar no Congresso dos EUA em audiências na quarta e quinta-feira, e espera-se que ele reitere o compromisso do Fed em reduzir a inflação, atualmente em seu nível mais elevado em 40 anos.

Na sexta-feira, o Fed disse que o seu compromisso de combater a inflação é "incondicional". A inflação anual dos EUA avançou no ritmo mais rápido desde 1981 em maio.

Na quarta-feira passada, o Fed elevou os juros em 75 pontos base, de 0,75% para 1,5%, e indicou um ritmo mais acelerado para os próximos aumentos. Powell disse que o Fed não pode controlar todos os fatores que contribuem para a inflação mais alta, como a guerra na Ucrânia, que forçou a elevação dos preços de energia.

Os participantes do mercado temem que a trajetória de aumentos agressivos dos juros por parte do Fed traga o risco de jogar a economia em recessão, e com os sinais de desaceleração do crescimento e o fato de as ações dos EUA se encontrarem agora em mercado de baixa, Powell pode ser pressionado para oferecer mais detalhes sobre como o Fed conseguirá travar a inflação sem causar muitos atritos na economia e nos mercados.

CONFIRA: Projeção da taxa de juros do Federal Reserve nas próximas reuniões

3. Testemunho de Lagarde

A Presidente do BCE, Christine Lagarde, irá testemunhar na segunda-feira perante o Parlamento Europeu, em Bruxelas, e deve ser questionada em detalhes sobre o progresso da nova ferramenta de enfrentamento de crises da autoridade monetária desde o seu anúncio na semana passada.

O BCE está traçando planos para um novo regime de compras cujo objetivo é combater a "fragmentação", ou seja, a diferença cada vez maior entre os custos de empréstimos pagos pela Alemanha e os países mais endividados na periferia da zona do euro, como Itália, Espanha e Grécia.

Os custos dos empréstimos governamentais dispararam na periferia da zona do euro desde que o BCE anunciou, no início deste mês, seus planos para aumentar as taxas de juros a fim de enfrentar a inflação, que atualmente é quatro vezes maior que a meta do BCE, de 2%.

Como os mercados atualmente precificam um aumento dos juros de 0,25 ponto percentual por parte do BCE em julho, além de, pelo menos, uma elevação de meio ponto até setembro, alguns analistas consideram que a nova ferramenta pode proporcionar ao banco central margem para implementar aumentos de juros mais agressivos, se necessário.

LEIA MAIS: Fed Terminou um Experimento e Agora Está Começando Outro

4. Dados econômicos dos EUA e do Brasil

O calendário econômico está leve na semana à frente, com as atualizações sobre a saúde do setor de habitação como principal destaque nos EUA.

Os dados de terça-feira sobre vendas de imóveis residenciais existentes nos EUA deverão exibir desaceleração em maio, enquanto os juros de hipoteca continuam a subir. Os EUA devem divulgar dados sobre vendas de novos imóveis residenciais na sexta-feira, com mercados à procura de sinais de recuperação após a queda de 16,6% de maio.

LEIA MAIS: Taxas de hipoteca nos EUA têm o maior pico de uma semana desde 1987

Os dados relativos aos pedidos iniciais por seguro-desemprego deverão ser apresentados na quinta-feira após os números da semana passada terem apontado uma certa freada no mercado de trabalho, embora as condições permaneçam restritivas. Os dados preliminares sobre a atividade do setor industrial e de serviços também têm divulgação marcada para a quinta-feira.

Enquanto isso, vários dirigentes do Fed, incluindo James Bullard, Thomas Barkin, Charles Evans e Patrick Harker, devem fazer aparições ao longo da semana.

No Brasil, a agenda será mais movimentada. Na terça-feira, a ata da reunião do Copom que aumentou a taxa Selic de 12,75% para 13,25% vai ser divulgada. Na quinta-feira, o mais recente Relatório Trimestral de Inflação será publicado, assim como está agenda a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN).

Por fim, sexta-feira será a vez da prévia da inflação de junho, mensurada pelo IPCA-15. A expectativa do mercado é alta de aceleração mensal de 0,59% para 0,61%, com desaceleração anual de 12,2% para 11,98%.

CONFIRA: Cotação das ações brasileiras no Investing.com

5. Volatilidade do mercado de ações e inverno cripto

Todos os três principais índices de Wall Street caíram pela terceira semana consecutiva na semana passada - assim como o Ibovespa no Brasil -, atingidos por receios sobre a probabilidade crescente de uma recessão, enquanto o Fed e outros bancos centrais do mundo tentam erradicar a inflação.

O S&P 500, índice de referência, acumula uma queda no ano de 23% e confirmou recentemente que o mercado de urso, acionado em 3 de janeiro. O Dow está à beira de confirmar o seu próprio mercado de urso. Já o Ibovespa fechou abaixo dos 100 mil pontos na sexta-feira, mas acumula queda de 5% no ano.

"Nesse momento, vamos ver muita volatilidade, principalmente pelo fato de que o Fed vai estar carregando todos esses aumentos dos juros, tentando sentir o pulso do cenário da inflação, e está tudo muito nublado por enquanto", Megan Horneman, diretora de estratégia de portfólio da Verdence Capital Advisors, de Hunt Valley, Maryland, disse à Reuters. "Só espere volatilidade, ela veio para ficar, e vai continuar até conseguirmos um pouco mais de clareza sobre se realmente atingimos o pico da inflação".

Os mercados norte-americanos estarão fechados na segunda-feira, em comemoração ao feriado de Juneteenteenth.

PARTICIPE: Pesquisa do Investing.com sobre Criptomoedas; queremos saber a sua opinião

A aversão a risco contamina o mercado de criptomoedas. Bitcoin negociava em torno de US$ 19.632 no domingo depois de cair para uma mínima de US$ 17.593 no sábado - seu menor nível desde dezembro de 2020.

O ativo perdeu cerca de 60% do seu valor este ano, enquanto a criptomoeda rival ether, apoiada pela tecnologia Ethereum, apresenta queda acumulada de 74%. Em 2021, o Bitcoin atingiu uma máxima acima de US$ 68.925.

"Romper os US$ 20.000 mostra o colapso da confiança no setor de criptos e o que estamos vendo são as tensões mais recentes", Edward Moya, analista sênior de mercado da OANDA, disse à Reuters no sábado.

Moya disse que "mesmo os maiores entusiastas do grande rali agora estão quietos. Eles ainda estão otimistas a longo prazo, mas não estão dizendo que esta é a hora de comprar a queda".

O setor de criptomoedas foi atingido por crescentes sinais de estresse na indústria, após o colapso da blockchain Terra no mês passado. No início deste mês, a empresa de crédito Celsius congelou saques e transferências entre contas, enquanto as empresas de criptoativos começaram a demitir funcionários. O fundo de hedge cripto Three Arrows Capital anunciou na semana passada que sofreu enormes perdas.

A derrocada coincidiu com uma liquidação entre as ações, o que pode pôr em xeque ainda mais a confiança dos investidores na indústria de criptoativos.

- Com informações de Reuters, Valor Econômico e Necton Investimentos

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