(Reuters) - A diretoria da Abecs, associação que representa o setor de meios eletrônicos de pagamento no país, aprovou na terça-feira a proibição imediata do uso do cartão de crédito como meio de pagamento em apostas e jogos online no Brasil.
A decisão em reunião extraordinária, segundo a Abecs, antecipa medida que já estava programada pelo Ministério da Fazenda, porém com vigência somente em janeiro de 2025.
"A decisão da Abecs baseia-se na crescente preocupação do setor de cartões em torno da prevenção ao superendividamento da população e do crescimento das apostas online no país", afirmou em comunicado.
As apostas esportivas foram liberadas no Brasil em dezembro de 2018, com a previsão de que a regulamentação fosse feita em no máximo quatro anos, o que não aconteceu.
No ano passado, o Congresso aprovou uma primeira parte da regulação enviada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e uma segunda etapa com regras definidas pelo Ministério da Fazenda entrou em vigor a partir de outubro. A Abecs ressaltou que o uso do cartão de crédito dentro desse segmento "se revelou inexpressivo". E enfatizou ser importante debater o veto ao uso de outras linhas de financiamento para fins de apostas.
Empresas de apostas proliferaram pelo país desde a liberação em 2018, mas foi depois da Copa do Mundo de futebol de 2022 que o investimento do setor realmente começou a crescer no Brasil.
Na segunda-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo discute limitar as formas de pagamento para apostas online, incluindo a não permissão do uso de recursos do Bolsa Família para tal fim.
Um levantamento feito pelo Itaú (BVMF:ITUB4) mostrou que os brasileiros perderam 23,9 bilhões de reais em apostas esportivas entre junho de 2023 e junho deste ano. Segundo o estudo, as bets movimentaram cerca de 68,20 bilhões de reais no país no período.
(Por Paula Arend Laier)