Por Andrew Torchia e Saeed Azhar e Stephen Kalin
DUBAI/RIAD (Reuters) - A decisão da Arábia Saudita de adiar o que estava previsto para ser a maior venda de ações já registrada é um grande golpe para a credibilidade do Príncipe da Coroa, Mohammed bin Salman, mas há outras maneiras de financiar as reformas para fortalecer a economia, disseram banqueiros e investidores.
A oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) de 5 por cento da gigante estatal do petróleo, Saudi Aramco, foi a peça central no plano do príncipe saudita para diversificar a economia do reino além do petróleo, arrecadando 100 bilhões de dólares para investimento em outros setores.
O governante de 32 anos, muito conhecido como MbS, também prometeu que a listagem da Saudi Aramco nos mercados acionários internacionais ajudaria a criar uma cultura de abertura no reservado reino e torná-lo mais atraente para os investidores externos.
A decisão de adiar o IPO gera dúvidas sobre a administração do processo, bem como sobre a ampla agenda de reformas, enfraquecendo o momentum criado pelo anúncio do 2030 Vision em 2016, que contribuiu para alçar Mohammed ao poder no maior exportador de óleo do mundo.
"O problema é: quanto mais isso for adiado e o quanto mais não houver clareza sobre porque está sendo adiado e qual é a questão, mais isso mina a confiança", disse James Dorsey, um membro sênior da Escola de Estudos Internacionais de S. Rajaratnam, de Cingapura.
"Ele tem sido muito bom na criação de expectativas, mas não tão bom na administração das expectativas", disse Dorsey.
Fontes do setor disseram à Reuters nesta semana que ambas as bases nacional e internacional do IPO foram adiadas indefinidamente. O ministro da Energia, Khalid al-Falih, disse que o governo permanece comprometido com a condução do IPO em uma data não específica no futuro.
(Por Andrew Torchia, Saeed Azhar e Stephen Kalin)