CHICAGO (Reuters) - As comercializadoras de grãos Archer Daniels Midland, Bunge e Cargill disseram, em comunicados separados, que não compram produtos de novas áreas desmatadas na Amazônia e que utilizam satélites de monitoramento para garantir suas políticas.
A Bunge afirmou que está avaliando as informações disponíveis sobre número e localização dos incêndios existentes na Amazônia, enquanto a Cargill defendeu que os esforços dos produtores ajudaram a conter o desmatamento na última década.
A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que representa empresas como ADM, Bunge e Cargill, apontou nesta semana que o plantio de soja nas dez cidades que mais reportaram incêndios neste ano é inexpressivo em relação à produção total da oleaginosa.
Segundo um estudo realizado pela entidade, os dez municípios com mais queimadas de janeiro a julho plantaram apenas 30 mil hectares na última safra, sendo 17 mil em Novo Progresso (PA), onde produtores participaram recentemente do chamado "dia do fogo".
Além disso, Apuí (AM), cidade que mais registrou focos de incêndios na região, não possui cultivos de soja, enquanto Altamira (PA), segunda com maior índice de queimadas, conta somente com 2 mil hectares plantados com a oleaginosa.
A Abiove é uma das líderes da chamada Moratória da Soja, que impede a compra e financiamento pelas tradings de safras cultivadas na região amazônica após 2008.
O órgão admite que a soja ocupa uma área relativamente importante da Amazônia, mas cita que 98% do plantio realizado no bioma veio após a Moratória da Soja, em áreas desmatadas antes de o programa ter sido instituído.
A Cargill disse em nota que "apoia integralmente a Moratoria da Soja na Amazônia e não compra grãos de áreas recém-desmatadas", argumentando que o esforço conjunto das empresas do setor "contribuiu para o declinio de 80% no desmatamento na Amazônia na última década".
(Reportagem de Tom Polansek em Chicago e Roberto Samora em São Paulo)