Redação Central, 30 nov (EFE).- O total mundial de soropositivos, 34 milhões, reflete uma grave epidemia, embora tenha sido possível reduzir a mortalidade graças aos tratamentos antirretrovirais e os índices estejam "estáveis" na América Latina.
Às vésperas da celebração do Dia Mundial de Luta Contra a Aids, o Programa Conjunto da ONU para o HIV/aids (Unaids) divulgou seu relatório anual em que se destaca que o continente mais afetado é a África.
Cerca de 70% dos portadores do HIV - 23,5 milhões - vivem na África Subsaariana, onde 3,1 milhões de crianças estão infectadas (94% do total mundial das crianças infectadas).
Apesar da força desses números, a região também viu uma grande diminuição das mortes relacionadas à aids, 32% entre 2005 e 2011 - ano em que o número de mortos foi de 1,2 milhão.
Graças aos investimentos em tratamentos antirretrovirais o número de mortes anuais por essa doença caiu e passou de 2,2 milhões em 2005 a 1,7 milhão em 2011.
Só nos dois últimos anos o acesso aos tratamentos contra o vírus HIV aumentou 63% no mundo todo.
Atualmente, 8 milhões de pessoas recebem tratamento antirretroviral, o que significa que mais pacientes do que nunca recebem ajuda para ter vidas mais prolongadas, mais saudáveis e mais produtivas, segundo a Unaids.
Na América Latina, onde a epidemia da aids, que afeta 1,4 milhão de pessoas, se encontra em uma fase "estável", as pesquisas também revelam uma leve queda de casos de novos infectados.
A América Latina se mantém como a região - entre as de renda média e baixa - com a maior cobertura de tratamento para portadores do HIV, com uma taxa de 68% em comparação a uma média mundial de 54%, segundo a Unaids.
Além disso, as mortes relacionadas à aids também caíram na América Latina e no Caribe 10% entre 2005 e o ano passado.
No Caribe, a prevalência do HIV chega a 1%, acima de qualquer outra região do mundo exceto a África Subsaariana, embora a epidemia seja relativamente restrita e o número de pessoas com o vírus tenha se mantido relativamente baixo (230 mil) e quase não tenha variado desde o final da década de 1990.
Outros casos de sucesso são os do Peru e México, onde o número de mortes por aids baixou em 55% e 27%, respectivamente.
Por outro lado, na Europa Oriental e na Ásia Central (com 1,4 milhão de portadores do HIV), e no Oriente Médio e o norte da África houve "preocupantes aumentos na mortalidade relacionada à aids", com porcentagens entre 17% e 21%.
Assim, na China a aids causou 17.740 mortes de janeiro a outubro deste ano, o que representa um aumento de 8,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo o Ministério da Saúde chinês.
No entanto, o país quadruplicou suas despesas contra a aids, dos US$ 124 milhões em 2007 para US$ 530 milhões em 2011, investimento que foi elogiado neste ano pela ONU quando a China se tornou um dos cinco países que mais contribuem para a campanha global para combater a síndrome.
Ao menos uma pessoa a cada hora contrai HIV na Tailândia, onde o número de pessoas infectadas durante as últimas duas décadas supera 1 milhão.
Na Rússia, o número de portadores do vírus dobrou nos últimos cinco anos. O país experimenta um aumento contínuo de casos de infecção: foram 60 mil somente em 2012.
Em relação a grupos de risco, a infecção por HIV é sistematicamente superior entre os profissionais do sexo (em torno de 23% de infectados) e entre os que consomem drogas injetáveis (com ocorrência 22 vezes maior do que na população geral).
Mas a situação também é preocupante entre as crianças, já que menos de um terço dos que convivem com o HIV recebem tratamento antirretroviral o que impede de alcançar o objetivo de conseguir uma geração livre da aids, segundo denunciou a Unicef.
No entanto, a Unicef destacou o "excepcional" avanço conseguido nos últimos anos, quando se registrou uma queda de 24% das novas infecções em crianças: das 430 mil confirmadas em 2009 às 330 mil em 2011.
Um dos problemas em relação à doença é que dos 34 milhões de portadores do HIV, apenas 50% sabem que estão infectados pelo vírus.
Apesar de tudo, os dirigentes da Unaids asseguraram que pela primeira vez, os investimentos nacionais superaram as doações globais para a aids, passando de US$ 3,9 bilhões anuais em 2005 para quase 8,6 bilhões em 2011. EFE