Por Allison Lampert e Rama Venkat Raman
(Reuters) - A Airbus vai concluir acordo para assumir o controle do programa de aviões comerciais CSeries, da canadense Bombardier, em 1º de julho, disseram as empresas nesta sexta-feira, após a operação receber sinal verde de autoridades na véspera.
A Bombardier fechou acordo em outubro para vender à Airbus uma participação de 50,01 por cento no programa CSeries pelo valor simbólico de 1 dólar canadense, depois que o projeto enfrentou vendas fracas, o que dificultou o controle de custos.
A Airbus, por outro lado, poderá oferecer a companhias aéreas acordos empacotando os CSeries com seus próprios jatos e deve usar seu poder de compra para reduzir custos de peças, ao mesmo tempo em que melhora eficiências internamente.
A Bombardier terá cerca de 31 por cento do empreendimento, enquanto o braço de investimento da província de Québec, Investissement Québec, terá cerca uma fatia de 19 por cento.
A Bombardier elevou sexta-feira sua projeção para o lucro consolidado antes de juros e impostos de 2018 em 100 milhões de dólares, para uma faixa entre 900 milhões e 1 bilhão de dólares, para refletir a separação do programa de jatos CSeries.
A companhia canadense, uma das maiores rivais da brasileira Embraer (SA:EMBR3), também disse que cortou sua estimativa de receita em 500 milhões de dólares, para 16,5 bilhões de dólares a 17 bilhões de dólares. A empresa acrescentou que os resultados do CSeries não serão mais consolidados em seus resultados a partir de 1º de julho.
O governo de Québec, por meio de seu braço de financiamento, assumiu uma fatia de 49 por cento no programa CSeries em 2015 por 1 bilhão de dólares. A participação de Québec, mais recentemente caiu para 38 por cento e diminuiu para 19 por cento após o acordo com a Airbus.
O negócio foi anunciado em um momento em que a Bombardier estava no meio de uma disputa comercial com a fabricante norte-americana de aviões Boeing.
A disputa terminou em março, quando a Boeing disse que não recorreria da decisão da comissão de comércio dos EUA, de permitir que a Bombardier venda o CSeries nos EUA sem pesadas sobretaxas. Após isso, a Boeing passou a tentar fazer uma ampla parceria com a Embraer, mas após meses de negociações envolvendo o governo brasileiro, nenhum acordo foi anunciado.
A conclusão do acordo da Bombardier com a Airbus permite que a equipe de vendas do grupo europeu promova o CSeries durante campanhas de venda para empresas aéreas como Grupo AeroMéxico e Ethiopian Airlines.
(Reportagem adicional de Parikshit Mishra em Bangalore, Índia, e Tim Hepher em Sydney)