MILÃO (Reuters) - A Alitalia informou nesta terça-feira que vai começar um processo de insolvência depois que os trabalhadores rejeitaram o mais recente plano de resgate da companhia aérea italiana, tornando impossível para a empresa deficitária garantir recursos para mantê-la voando.
Os trabalhadores da Alitalia rejeitaram na segunda-feira plano para corte de empregos e salários, apostando que o governo convocará um administrador para elaborar um plano alternativo.
A companhia aérea, controlada em 49 por cento pela Ethiad Airways, teve lucro anual apenas algumas vezes em seus 70 anos de história. A empresa, que emprega cerca de 12.500 funcionários, tem prejuízo de pelo menos 500 mil euros por dia e deve ficar sem recursos nas próxima semanas, afirmaram fontes próximas do assunto.
A Alitalia buscava apoio dos trabalhadores para destravar injeções de capital de acionistas e lançar um plano ambicioso de reestruturação centrado em reformulação de negócios com voos de curto e médio alcances e adicionando rotas de longo percurso.
"Uma aprovação...desbloquearia um aumento de capital de 2 bilhões de euros, incluindo 900 milhões de euros e em recursos novos que seriam usados para relançar a empresa", disse a Alitalia, acrescentando que a rejeição do plano pelos funcionários tornou impossível a recapitalização da companhia.
A empresa havia convocado uma assembleia de acionistas para a quinta-feira para decidir sobre os próximos passos, acrescentando que seus voos não sofrerão alteração por enquanto. Porém, de acordo com fontes, o encontro ocorrerá em 2 de maio.
O cenário mais provável para a empresa será pedir ao governo italiano para indicar um administrador para avaliar se a companhia poderá ser reestruturada.
O administrador então poderia preparar planos industrial e financeiro para uma rápida reformulação da Alitalia como companhia independente ou por meio de uma venda parcial ou total, ou ainda deixar a empresa em curso de liquidação.
Os funcionários da Alitalia têm repetidamente afirmado que não vão aceitar mais qualquer sacrifício uma vez que os custos trabalhistas da companhia aérea estão entre os mais baixos da Europa para uma empresa como a Alitalia. Os funcionários também se mostraram céticos sobre os planos da empresa voltar a ter lucro em 2019, dada a série de fracassos em reestruturações anteriores.
Apesar do governo italiano afirmar que não vai renacionalizar a companhia aérea desta vez, alguns trabalhadores ainda esperam que Roma não deixe a companhia entrar em colapso.
(Por Agnieszka Flak)