Alstom busca manter carteira de encomendas cheia no Brasil com novos projetos

Publicado 23.09.2025, 10:12
Atualizado 23.09.2025, 10:14
© Reuters.

SÃO PAULO (Reuters) - A Alstom está buscando novos projetos no Brasil e no mundo para manter sua fábrica de trens no Estado de São Paulo operando perto da capacidade total, após ter atingido um pico há cerca de um ano e meio com pedidos vinculados à expansão paulista de transporte ferroviário, afirmou o presidente da operação latino-americana do grupo francês, Bernard Peille.

"Os projetos de parceria pública-privada (PPP) que foram lançados nos últimos anos estão trazendo muitas oportunidades e isso deve continuar nos próximos anos", disse o executivo em entrevista à Reuters. "O mercado está realmente crescendo", acrescentou.

Depois de ocupar toda a capacidade da fábrica de trens em Taubaté, no interior de São Paulo, com uma produção de 30 carros por mês para atender encomenda da ViaMobilidade, do grupo Motiva, em São Paulo, a Alstom está operando a fábrica atualmente a um ritmo de 20 carros mensais, "um pouco acima da média histórica", disse Peille.

Segundo o executivo, para atingir a capacidade total da instalação, a Alstom precisa ocupar mais duas linhas de produção com a contratação de novos projetos que podem bem vir de novas licitações que estão em discussão seja na capital paulista, seja em outras cidades do país como Rio de Janeiro, Brasília e Salvador, ou fora do Brasil, como Santiago, no Chile.

A fábrica da Alstom em Taubaté, a terceira principal do grupo na produção de trens inoxidáveis e uma das 10 maiores da companhia no mundo, atualmente produz carros para as linhas 6 (laranja) do metrô de São Paulo e 7 do metrô de Santiago.

A instalação em Taubaté também produz carros para o metrô de Bucareste, na Romênia, e para a linha circular de Taipé, em Taiwan, vizinha da China, onde estão rivais da Alstom que disputam contratos no Brasil.

Assim como muitos empresários nacionais industriais, Peille defendeu que o Brasil mantenha foco na exigência de conteúdo local nas licitações como forma de preservar uma indústria de material rodante, que mais recentemente voltou crescer diante dos projetos de mobilidade encampados pelo governo federal e por alguns Estados.

"A indústria brasileira não está protegida o suficiente...estamos nesse negócio há muito tempo e já vimos muitos competidores fazendo promessas que nunca aconteceram; e se você se guiar por isso, a indústria fica sem trabalho", disse o executivo sem citar nomes.

Peille afirmou que cerca de 59% das compras de insumos da fábrica de Taubaté são feitas no Brasil, um índice de nacionalização que "acho que nem na França alcançamos". Segundo ele, esse patamar é resultado de "20 anos de relacionamento com fornecedores" da Alstom no Brasil e por isso o país "tem que ter muito cuidado para proteger sua indústria".

Em julho, o governo de São Paulo assinou um contrato de R$3,1 bilhões com a chinesa CRRC para o fornecimento de 44 trens para o metrô da capital. Parte da produção, segundo o governo paulista, será feita em fábrica da CRRC em Araraquara (SP).

Questionado sobre o impacto da guerra tarifária travada por Washington, Peille afirmou que não trouxe desdobramentos para a operação brasileira, mas que deve trazer repercussões para novos contratos da empresa no México, um dos muitos alvos do presidente norte-americano, Donald Trump.

"No México, ficou um pouco mais difícil, porque exportamos alguns dos carros para os EUA", disse o executivo sem precisar números, mas citando que a situação "não preocupa muito" a empresa diante de volumes baixos enviados ao país.

No ano passado, a Alstom apurou novas encomendas na América Latina que somaram 800 milhões de euros, ligeiramente acima da média dos últimos anos, afirmou Peille. "Poderíamos ter ido melhor, mas o mercado precisa crescer."

Segundo o executivo, se os projetos ferroviários futuros planejados atualmente na América Latina forem de fato lançados nos próximos anos, os negócios da Alstom vão se manter estáveis na região.

Apenas no Estado de São Paulo, o governo soma mais de R$190 bilhões em investimentos em mais de 40 projetos ferroviários, que incluem trens metropolitanos e serviços intercidades.

Peille citou que "não veremos uma grande onda de investimentos em Taubaté nos próximos oito a nove anos" dado que a fábrica, aberta em 2015, é ainda uma instalação nova pelos padrões do setor.

O último grande investimento realizado pela companhia no Brasil foi finalizado em 2022, em que a empresa desembolsou R$100 milhões para modernizar e ampliar a fábrica de Taubaté, e que veio após a Alstom assinar seis contratos nacionais e internacionais, envolvendo mais de 170 trens, com cerca de 940 carros.

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