Carmen Rodríguez.
Estocolmo, 9 dez (EFE).- O professor Alvin Roth, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 2012 junto com Lloyd Shapley, explicou neste domingo à Agência Efe como o resultado de seus estudos sobre "alocações estáveis e modelo de mercados" pode ajudar a aumentar o número de transplantes de rim.
"Sem dúvidas" pode se dizer que o Nobel de Economia deste ano tem uma aplicação que ajuda a salvar vidas, afirmou Roth. "Eu me sinto muito bem. A economia trata de coisas reais", prosseguiu.
A Academia Sueca das Ciências decidiu premiar Roth e Shapley por seus estudos com os quais abordaram um problema econômico central, a "otimização de oferta e demanda", e o resolveram em "um exemplo sobressalente de engenharia econômica".
Na prática, se trata de como emparelhar diferentes agentes da melhor e mais estável forma possível, ou dito de outra maneira, como conseguir, por exemplo, os melhores resultados no processo de alocação entre os médicos que querem fazer sua residência e os hospitais dispostos a aceitá-los, um caso no qual ambas as partes expressam suas preferências.
Roth foi um dos fundadores do "Programa da Nova Inglaterra de transplante de rim para doadores e pacientes incompatíveis", e é um tema que muito o atrai, a julgar pela quantidade de posts em seu blog, "marketdesing".
Roth, de 61 anos, explicou que "às vezes um doador vivo é incompatível com o paciente, mas quando há várias duplas deste tipo é possível estabelecer uma troca na qual cada paciente obtenha um órgão idôneo do doador de outro paciente".
Até o momento, os transplantes que são feitos com este tipo de sistema "são poucos, algumas centenas nos Estados Unidos por ano", mas espera-se que cresçam, conforme vão "aprendendo a fazê-lo melhor".
Shapley, de 89 anos, começou seus trabalhos antes de Roth, através da teoria dos jogos cooperativos, e desenvolveu junto com outro especialista o algoritmo que tem seus nomes, Gale-Shapley, que ajuda a organizar o processo da preferências das pessoas.
Roth fez algumas remodelações a esse algoritmo e usou a teoria dos jogos para comparar os diferentes métodos de parcerias e assegurar que os resultados seriam aceitáveis para todas as partes. Assim, ajudou a projetar o sistema usado pela cidade de Nova York para a alocação de estudantes nas escolas.
No entanto, Roth, professor de Economia e Administração de empresas na Escola de Negócios da Universidade de Harvard, não gosta de falar da crise econômica, pois diz que não é "um economista desse tipo", enquanto sorri com ar de resignação e acaba levando a resposta a seu campo: o desenho de mercados.
Em alguns aspectos, "o desenho de mercados pode ter, a longo prazo, algum efeito aliviando os efeitos da crise econômica", disse. E nesse sentido fez referência ao desemprego, já que "uma parte da crise econômica" tem a ver com ele.
O desemprego se deve, em parte, à falta de atividade econômica, mas também "pode estar ligado" a haver "gente que procura emprego enquanto há empresas que buscam trabalhadores, mas uns não se encontram com os outros", explicou.
Quando esse é o problema, "algumas vezes é possível facilitar", criando instituições que "ajudem para que a informação passe aos mercados, que se saiba onde há trabalhadores ou postos de trabalho disponíveis e qual tipo de preparação é a requerida".
"Simplesmente não sou um especialista na crise econômica europeia - reiterou Roth -. Só entendo as coisas que estudei em detalhes, e por um longo período de tempo, portanto não posso dizer qual será o futuro".
Quanto a seu tema de estudos, o economista disse que continua trabalhando para melhorar não só os métodos de emparelhamento de doadores e pacientes em matéria de transplantes, mas também de estudantes e escolas, além de tentar entender "como é possível estabelecer normas para os mercados descentralizados, de modo que trabalhem melhor". EFE