SÃO PAULO (Reuters) - A fabricante de bebidas Ambev (SA:ABEV3) está acompanhando de perto as discussões nas esferas jurídica e legislativa sobre o tabelamento do frete rodoviário antes de decidir os caminhos a serem tomados, disse nesta quinta-feira o vice-presidente financeiro da companhia, Fernando Tennenbaum.
"É muito cedo e tem muita discussão...É muito difícil chegar a uma conclusão, especialmente num momento em que as informações mudam a cada dia, a cada semana", afirmou Tennenbaum ao ser questionado pela Reuters se a empresa estudava internalizar a operação logística.
Ele evitou dar exemplos sobre alternativas que podem ser tomadas pela empresa se o tabelamento for confirmado quando o Supremo Tribunal Federal (STF) voltar do recesso em agosto.
Tennenbaum destacou que a Ambev conseguiu passar pela greve de caminhoneiros no fim de maio sem grande impacto por causa da capilaridade da distribuição. "Teve impacto em volume, mas depois veio a Copa", disse o executivo, acrescentando que o torneio de futebol mais que compensou a perda com a paralisação.
Na semana passada, o presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), José Roriz Coelho, afirmou que a entidade se mantém contra o estabelecimento de tabela de frete rodoviário mínimo obrigatório, mas vê com bons olhos a criação de uma lista de referência para balizar as negociações de custos de transporte com caminhoneiros.
Nesta semana, o diretor de grãos e processamento da Cargill para América Latina, Paulo Sousa, afirmou que o tabelamento do frete vai forçar empresas a mudar seu modelo de atuação, passando a utilizar frotas próprias de caminhões.
Mais cedo, a Ambev divulgou lucro líquido ajustado de 2,35 bilhões de reais para o segundo trimestre, um crescimento de 9,7 por cento sobre igual período do ano passado.
As ações da Ambev lideravam as altas do Ibovespa às 14h50, avançando 4,81 por cento enquanto o índice mostrava queda de 0,8 por cento.
Em relatório a clientes, o Credit Suisse destacou que a AmBev reportou um sólido resultado para o segundo trimestre, com lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) acima das suas expectativa. Entre os pontos postivos, os analistas Antonio Gonzalez e Mariana Hernandes citaram o crescimento de volume vendido no Brasil e preços mais altos, além da confirmação de perspectivas de desempenho da empresa para o ano.
(Por Gabriela Mello)