SÃO PAULO (Reuters) - A Ambev (SA:ABEV3) promove nesta sexta-feira nova edição de evento anual em que milhares de funcionários da maior cervejaria do Brasil visitam pontos de venda para incentivar o consumo consciente de bebidas e de quebra tomar o pulso do mercado.
A companhia, que faz parte do maior grupo de cerveja do mundo, a Anheuser Busch Inbev (BR:ABI), pretende visitar 1 milhão de bares do país e a ação, que a empresa tem promovido desde 2013, acontece neste ano em um momento em que a indústria de produtos de consumo mostra sinais de recuperação.
O vice-presidente de finanças da Ambev, Ricardo Rittes, visitou pessoalmente alguns bares próximos ao centro financeiro da Faria Lima, em São Paulo, levando cartazes com mensagens contra consumo indevido de bebidas e venda para menores de 18 anos.
Questionado sobre o estado do mercado brasileiro, Rittes afirmou que a Ambev se mantém "cautelosamente otimista" sobre o crescimento de vendas no país.
"O crescimento brasileiro nunca foi uma linha reta, sempre tem sobressaltos, mas a inflação baixa é ótimo para os consumidores e se é ótimo para os consumidores, é boa para nós também", disse o executivo, enquanto visitava nesta manhã um bar sob sol e 33 graus de temperatura, vestindo camiseta azul e calça jeans.
Segundo Rittes, a Ambev já investiu 45 milhões de reais nos últimos três anos na campanha chamada "Dia de Responsa".
Para o líder acadêmico de marketing da ESPM, Marcelo Pontes, além da necessária mostra de responsabilidade social, a iniciativa da Ambev permite à empresa obter informações importantes sobre o mercado em que atua.
"É uma excelente oportunidade para eles terem o pulso do mercado... Não dá para tomar decisões sempre atrás de uma mesa com ar-condicionado. É preciso ir onde o consumidor está", afirmou Pontes.
"O mercado de bebidas é muito pulverizado e é preciso usar diversas ferramentas para conhecê-lo e essa (Dia de Responsa) é uma delas", disse o especialista. Segundo ele, a iniciativa também pode ajudar a empresa a firmar sua marca no movimento de empresas de consumo que está cada vez mais preocupado com a sensibilidade dos consumidores a produtos mais saudáveis.
"É fundamental passar aos consumidores uma ideia de alguma responsabilidade social. Se eles não fizerem, o Estado vai fazer de cima para baixo, impondo regulamentações, como aconteceu com a indústria do tabaco", disse Pontes.
AÇÚCAR
A ação da Ambev aconteceu alguns dias depois de o Ministério da Saúde anunciar que vai propor ao governo federal aumento da tributação sobre a indústria de refrigerantes e outras bebidas açucaradas como forma de se combater a obesidade na população.
Na avaliação de Rittes, a proposta não ajuda a elevar a arrecadação do governo, pois atinge o crescimento do consumo. "Pode se aumentar o imposto, mas a arrecadação vai cair, porque as pessoas vão consumir menos", afirmou o executivo, acrescentando que nos últimos seis anos a carga tributária sobre o setor subiu de 41 para 48 por cento do faturamento bruto.
Para o vice-presidente jurídico da Ambev, Pedro Mariani, que acompanhou Rittes na visita aos bares paulistas, seria preciso fazer mais estudos no Brasil para se comprovar que um aumento da carga tributária poderia reduzir a obesidade. "O consumo de refrigerantes no país está caindo há três anos, como é que a obesidade vai crescer se o consumo está caindo. Isso precisa ser melhor discutido em termos de políticas públicas", afirmou.
(Por Alberto Alerigi Jr.)