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América Latina precisa de uma Europa forte, diz chanceler cubano

Publicado 16.11.2012, 18:08

Pilar Valero.

Cádiz (Espanha), 16 nov (EFE).- A América Latina precisa de uma Europa forte, que esteja na arena internacional como uma potência global, afirmou nesta sexta-feira em Cádiz o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, em entrevista à Agência Efe.

O chanceler representa seu país na 22ª Cúpula Ibero-Americana que reúne nesta cidade da Andaluzia os chefes de estado e de Governo e chanceleres da América Latina, Espanha, Portugal e Andorra, e que está marcada por uma profunda crise nos países europeus.

"Todos precisamos de um mundo multipolar, os grandes desafios são planetários", declarou, citando desafios como a ameaça nuclear e a mudança climática.

Cuba considera que as cúpulas ibero-americanas devem se renovar com um novo olhar para a América Latina por se tratar, agora, de uma época diferente, e isso dá à Espanha, disse, a oportunidade que existe quando a região procura uma grande diversificação de relações.

"Já não se trata do pátio dos Estados Unidos, entrou no cenário mundial com alta população, grandes recursos do planeta, um alto PIB e como ator independente", ressaltou Rodríguez.

Porém, ele lamentou que a atual ordem internacional seja "pouco equitativa e excludente", onde um grupo de países falam em nome de todos.

Os países emergentes têm que conseguir uma representação diferente e ser tratados como iguais. Os países do sul devem ser parceiros, e é preciso "renunciar a práticas passadas que são obsoletas", afirmou.

"Viajamos todos no mesmo barco com um destino comum no qual nos afundaremos ou nos salvaremos todos", advertiu o chanceler cubano.

Sobre a relação com os Estados Unidos e as perspectivas que se abrem após a reeleição do presidente, Barack Obama, Rodríguez informou que o governo cubano fez uma proposta para o reatamento de contatos sobre temas de interesse comum", como o migratório ou o reinício do correio postal direto.

O bloqueio comercial dos Estados Unidos é "obsoleto", e pesquisas apontam que a população desse país está contra essa medida, disse.

"Esperamos que Obama escute o povo que o elegeu e dê passos nesse sentido que seriam amparados de forma construtiva pelo governo cubano", declarou.

Rodríguez lembrou, além disso, que a União Europeia se pronunciou historicamente contra o bloqueio a Cuba, que "acumula danos extraordinários para uma economia pequena". Segundo chanceler, 76% dos cubanos nasceram sob as condições do bloqueio americano.

A posição comum que a União Europeia tem sobre Cuba desde 1996 é, de acordo com ele, "inoperante" e ancorada no passado, viola o direito internacional e a liberdade de comércio.

Por outro lado, Rodríguez destacou que existe uma profunda relação histórica e cultura entre a península ibérica e a América Latina, "fora de qualquer conjuntura política".

"Sinto que há uma oportunidade comum entre Europa e América Latina e entre Espanha e América Latina"", afirmou o chanceler cubano.

vae/id

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