A Americanas (BVMF:AMER3) protocolou nesta 2ª feira (18.set.2023) documentos para se defender de processo movido pelo Bradesco (BVMF:BBDC4). Na petição, a varejista alega que os antigos diretores omitiram informações financeiras.
Eis a íntegra da manifestação (PDF – 814 kB).
Segundo a varejista, uma planilha apresentada pela antiga Diretoria à apreciação do Comitê Financeiro, em novembro de 2022, escondia o volume real das dívidas existentes com os bancos.
No caso do Bradesco, segundo a empresa, o endividamento informado nesta planilha era de R$ 989 milhões. No entanto, a dívida do Banco, equivale de R$ 5 bilhões.
A Americanas informa que nos documentos enviados à Justiça há o detalhamento dos pontos que diferenciam o PAF (Programa de Antecipação de Fornecedores) das dívidas com o banco. Argumenta que o mesmo não tem qualquer relação com o tema risco sacado, como o Bradesco alegou em petição judicial.
Segundo a varejista, o programa não envolvia credores externos- então não era risco sacado-, mas se tratava de uma iniciativa à parte, com caixa autônomo com “plena ciência dos órgãos superiores de governança quanto de auditorias externas”.
“Trata-se, portanto, de financiamento com caixa da companhia e, como tal, não representa dívida junto a bancos, como o Bradesco teve a intenção de qualificar.”
A defesa alega ainda que as projeções da companhia iam bem até julho de 2022. Naquele período, o ex-CEO Miguel Gutierrez teria ficado sabendo que Sérgio Rial, um nome fora daqueles cotados por ele, assumiria seu cargo. Na sequência, haveria uma queda nos rendimentos, mas que, segundo a Americanas, o ex-CEO afirmou se tratar de um evento pontual e não um indicador do rombo.
Assim, a Americanas continua afirmando que seu conselho administrativo não sabia que a companhia estava em uma profunda crise financeira. Alega que os balanços registram que em outubro de 2022 a empresa devia R$ 17 bilhões. Mas, atualmente, somam mais de R$ 40 bilhões.
A Americanas afirma que, de todas as instituições envolvidas, somente o Bradesco está movendo ações se antecipando à recuperação judicial da varejista, e acusa o banco de “proteger sua operação de seguro e finanças” na ação. A defesa ainda afirma que Gutierrez e o banco estariam alinhados e que as alegações de ambos são “uma coisa só”.
O Bradesco informou que não irá se manifestar sobre o documento da Americanas. O espaço segue aberto para manifestação.