Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Anglo American (L:AAL) adiou o cronograma de expansão do sistema de minério de ferro Minas-Rio, informou a mineradora ao mercado nesta terça-feira, citando questões relacionadas a licenças em uma apresentação em que lista uma série de cortes devido aos baixos preços da commodity.
A empresa prevê agora atingir a capacidade máxima do Minas-Rio de 26,5 milhões de toneladas de minério de ferro em 2018, ante previsão anterior que indicava o segundo trimestre de 2016.
O primeiro carregamento de minério de ferro do Minas-Rio aconteceu em outubro de 2014, após diversos atrasos contabilizados desde que a Anglo comprou o projeto entre 2007 e 2008, do empresário Eike Batista.
Maior investimento estrangeiro já feito no setor no Brasil até então, o Minas-Rio foi adquirido por cerca de 5,5 bilhões de dólares.
O início da operação foi comemorada com entusiasmo por executivos da empresa, que procuravam deixar para trás o histórico conturbado do projeto e assegurar ao mercado que o novo cronograma seria rigorosamente cumprido.
Entretanto, aconteceu em um cenário de baixos preços do minério, impactados por um excesso de oferta no mercado global, com aumento da produção das gigantes Rio Tinto (L:RIO), BHP Billiton e da brasileira Vale.
O empreendimento conta com um mineroduto de 530 quilômetros de comprimento que, com o uso de água, transporta o produto de mina e unidade de beneficiamento da Anglo em Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas, no Estado de Minas Gerais, até o Porto do Açu, no Estado do Rio de Janeiro.
O novo cronograma, segundo a Anglo, prevê capacidade de produção em 10 milhões de toneladas neste ano, ante 700 mil no ano passado. Para 2016, está prevista capacidade de 18 milhões a 21 milhões e, para 2017, de 21 milhões e 23 milhões.
Na apresentação, a empresa explicou ainda que todos os componentes do sistema têm demonstrado desempenho em plena capacidade e que permanece o processo de licenciamento. Também afirmou que continua engajada com autoridades no Brasil.
NOVOS CORTES
A Anglo American anunciou nesta terça-feira que irá vender mais ativos, suspender dividendos até o fim de 2016 e reduzir o número de suas unidades de negócio de seis para três.
A mineradora disse que reduzirá seus ativos em 60 por cento e cortará sua força de trabalho para 50 mil funcionários, ante 135 mil. Serão formadas três divisões: a De Beers para diamantes, a de Metais Industriais para platina e metais básicos e a de Commodities a Granel, para carvão e minério de ferro.
A reestruturação ocorre semanas após a mineradora anunciar mudanças na administração de suas unidades no Brasil, incluindo a saída do presidente da unidade de negócios de Minério de Ferro no país, Paulo Castellari.
A empresa também vai buscar 4 bilhões de dólares por meio de vendas de ativos, ante uma meta anterior de 3 bilhões de dólares, incluindo a negociação de ativos de nióbio e fosfato.
No Brasil desde 1973, a empresa não deu mais detalhes sobre como os cortes globais poderão afetar os negócios da empresa no país, onde também explora níquel, nióbio e fosfato.
Os baixos preços do minério têm impactado o orçamento de diversas mineradoras. Também nesta terça, a Rio Tinto disse que seu orçamento de investimento em 2016 irá cair em cerca de 500 milhões de dólares, para 5 bilhões de dólares.
A brasileira Vale anunciou na semana passada redução da previsão de investimentos e de produção de minério.
(Por Marta Nogueira)