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Apetite a risco anima Ibovespa, mas temor fiscal local é limitador

Publicado 24.06.2022, 08:32
© Reuters Apetite a risco anima Ibovespa, mas temor fiscal local é limitador
IBOV
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Após instabilidade, o Ibovespa acelerou o ritmo de alta, renovando máximas e tocando o nível dos 99 mil pontos. O avanço é amparado nos ganhos das bolsas americanas e em ações ligadas a commodities na B3 (SA:B3SA3). No entanto, a valorização do índice Bovespa ainda é inferior à vista nos Estados Unidos, onde há pouco saíram dados de moradias e da confiança do consumidor e a alta se aproxima de 3% (Nasdaq). Por aqui, pesa desconfiança em relação ao fiscal.

"Não tem muito como fugir preocupações fiscais", diz Enrico Cozzolino, head de análise e sócio da Levante Investimentos, lembrando que enquanto no fim do pregão as bolsas de Nova York avançaram, o índice Bovespa fechou em queda. "De novo, por questões fiscais. Aqui tem as commodities que ajudam, mas tem preocupações com ingerência política e fiscal. Tem renúncia de ICMS, mas pauta para outros benefícios para implementar, caso do voucher dos caminhoneiros, por exemplo. Há o temor se vai ou não estourar o teto", avalia Cozzolino.

Às 11h25, o Ibovespa subia 1,21%, aos 99.267,03 pontos, ante máxima a 99.289,29 pontos (alta de 1,23%). Ainda assim, amarga perda de 0,51% na semana.

"As commodities começam a se recuperar muito em função das palavras do Xi Jinping presidente chinês, que de fato a China perseguirá a sua meta de crescimento, dando algum jeito para que isso aconteça", avalia Dennis Esteves, especialista em renda variável da Blue3. A despeito de ter caído 0,75% no mercado à vista chinês, o minério de ferro nos negócios no futuro, em Dalian, interrompeu uma série de dez quedas seguidas. O petróleo, por sua vez, sobe em torno de 2%.

"Apesar disso busca por risco externa, tem um contraponto, que são as preocupações fiscais, que começam a aparecer", pondera Esteves.

Além disso, os temores de estagflação persistem, mas por ora os investidores indicam que darão uma trégua, depois de uma semana de muita instabilidade, em dia de agenda um pouco menos volumosa. Um ponto, destaca, o analista da Blue3, é o entendimento do mercado de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) optará por subir menos os juros para conter a inflação, sem prejudicar tanto o crescimento econômico. "Falou-se até em aumento de um ponto porcentual, depois de 0,75 ponto, e pode até ser que seja inferior a isso, em meio ponto", avalia Esteves.

De todo modo, o assunto recessão e inflação alta fica no radar, bem como outros âmbito interno, caso dos ruídos políticos, fiscais e a crise na Petrobras (SA:PETR4). Aliás, hoje o Conselho de Administração da estatal se reúne-se para tentar eleger o quinto presidente da companhia no governo Bolsonaro. O nome indicado pelo governo Jair Bolsonaro (PL) é o de Caio Paes de Andrade, atual secretário de Desburocratização do Ministério da Economia.

A tentativa do governo em emplacar benefícios sociais deve avançar mais após a pesquisa Datafolha mostrar que, com 53% dos votos válidos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceria em primeiro turno a eleição deste ano. Bolsonaro aparece com 32%.

O governo acertou com o Congresso incluir um aumento do Auxílio Brasil, de R$ 400 para R$ 600, até o fim do ano na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Combustíveis. A 100 dias da eleição, o pacote ainda deve incluir uma bolsa-caminhoneiro de R$ 1 mil mensais e o aumento no vale-gás a famílias de baixa renda (hoje, de R$ 53 a cada dois meses). Os benefícios também só valeriam até o fim deste ano e serviriam para atenuar as pressões dos preços vistas pelo presidente Jair Bolsonaro como ameaças à reeleição. Porém, se esbarram em questões fiscais e jurídicas.

"O principal fator de incerteza é a posição do judiciário perante a iniciativa que, a despeito da utilização de uma PEC acompanhada da possível decretação do estado de emergência, colide com o princípio da lei eleitoral de evitar abuso de poder econômico e político por parte de governantes em busca da reeleição", avalia em nota a MCM Consultores.

Ainda, o presidente Bolsonaro sancionou o teto de 17% para o ICMS sobre combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e transporte coletivo, aprovado na semana passada pelo Congresso. No entanto, vetou trechos incluídos pelo Senado que beneficiariam os Estados na compensação pela perda de receita com o tributo.

Por aqui, apesar da aceleração do IPCA-15 em junho, o avanço fica em segundo plano, dado o bom humor externo.

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