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Aplicações de pessoas físicas cresceram 9% em 2018 e arriscaram mais

Publicado 11.02.2019, 18:17
Atualizado 12.02.2019, 09:00
© Reuters.  Aplicações de pessoas físicas cresceram 9% em 2018 e arriscaram mais

Arena do Pavini - As aplicações de pessoas físicas em fundos de investimento, títulos e valores mobiliários, ações e poupança, excluindo previdência, cresceram 9% no ano passado, atingindo R$ 2,797,5 trilhões, informou hoje a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O crescimento foi maior que a variação do juro do juro básico Selic, de 6,5%, mas pode ter sido influenciado pela rentabilidade da bolsa e de outros ativos acima dos juros.

O crescimento foi puxado pelo chamado Varejo Alta Renda, segmento diferenciado dos grandes bancos, que aumentou 12,1%, para R$ 872,6 bilhões, em meio ao esforço dos bancos em oferecer mais títulos, fundos e carteiras diferenciadas para os investidores por conta da queda dos juros básicos e da concorrência das corretoras independentes. Esse público intermediário, entre o varejo e o private, é o alvo das corretoras, que oferecem principalmente fundos multimercados de gestores independentes e títulos isentos de bancos menores e de empresas.

Já o segmento de varejo tradicional apresentou crescimento de 4,7%, abaixo do CDI, indicando migração de investidores ou baixa rentabilidade das carteiras. O saldo final de aplicações em fundos de varejo ficou em R$ 958,7 bilhões.

No segmento de alta renda, ou private bank, o crescimento de recursos foi de 10,7%, para R$ 966,2 bilhões.

Número de contas cresceu 4,7%

O número de contas de pessoas físicas cresceu 4,7% em 2018 em relação a dezembro do ano anterior, somando 77,044 milhões de contas. A imensa maioria, 64,956 milhões contas, é de poupança, com um crescimento de 3,82%. As contas para aplicação em títulos e valores mobiliários cresceram 9,8%, para 6,248 milhões, e as de fundos de investimentos, 9,23%, para 5,841 milhões de contas.

Poupança, renda variável e multimercados ganham espaço

As aplicações em renda variável ganharam destaque no ano passado nas carteiras de varejo graças à queda dos juros para 6,5% e a melhora da bolsa. Os fundos de ações cresceram 51,3%, enquanto as ações aumentaram em 40,7% nas carteiras. Já os multimercados continuaram crescendo, 33% em 2018, mas em ritmo bem menor que os 117,1% de 2017. Fundos cambiais também aumentaram sua presença no varejo, com 44,1% de aumento, e a poupança também aumentou, 10%, um pouco mais que os 8% do ano anterior.

Parcela ainda pequena no risco

Apesar do crescimento, a parcela em ações das carteiras de varejo segue discreta. Nas carteiras de varejo de alta renda, as ações passaram de 4% da carteira total de 2017 para 5,5% em 2018. Os multimercados, que possuem parcela em ações e são mais arriscados que a renda fixa, aumentaram sua fatia de 7,8% para 9,6%. Ou seja, somados, esses ativos chegam a modestos 15% das carteiras de varejo de alta renda.

Já no varejo tradicional, essa diversificação é ainda menor, com 1,0% em ações (1,1% no ano anterior) e 0,9% em multimercados (mesmo percentual de 2017), e grande concentração, 64,6% em poupança. A parcela de LCI e LCA nessas carteiras também caiu de 8% para 5,6%, em virtude da queda de oferta de papéis pelos bancos. E CDBs e fundos renda fixa cresceram, de 8,7% para 9,1% e de 15,3% para 16,1%, respectivamente.

Varejo continua concentrado em poupança

O varejo tradicional segue altamente concentrado em poupança, afirma Claudio Sanches, vice-presidente do Comitê de Varejo da Associação. Até essa pode ser uma explicação para o crescimento da carteira abaixo da Selic, pela menor rentabilidade da caderneta em relação ao juro básico, inclusive por sua isenção. Houve também uma diferença grande na captação entre o primeiro e o segundo semestre, com eventos que agitaram a economia, como a greve dos caminhoneiros, e um aumento do consumo das famílias que reduziu as aplicações e aumentou os resgates no varejo tradicional.

Mas a tendência de diversificação aparece claramente no comportamento geral do varejo tradicional e de alta renda com relação aos fundos de renda fixa, que cresceram 5,5% em 2018, bem menos que os 25,3% de 2017, em virtude da queda da taxa Selic, que fez esses fundos perderem atratividade.

Em compensação, houve forte crescimento dos multimercados em continuidade ao do ano passado, e em ações, cujo volume nas carteiras ainda é menor. Fundos cambiais também cresceram muito, mas são ainda menos expressivos em volume. “O grande destaque foi o crescimento de ações por conta da bolsa no ano passado”, diz.

Menos compromissadas, LCI e LCA e mais CDB

Ainda em renda fixa, houve uma forte queda em operações compromissadas, em que o banco vende um título do governo ao cliente com compromisso de recomprá-lo em determinado prazo. O Banco Central limitou essas operações, o que fez com que elas caíssem pelo segundo ano consecutivo, 44,1% em 2018 e 43,8% em 2017. Em compensação, os bancos passaram a oferecer mais CDBs que cresceram 14,9% no ano, mais que os 12,1% do ano passado, também pela retomada discreta do crédito.

Já as Letras de Crédito Imobiliário (LCI), muito procuradas por sua isenção, registraram uma queda de 20,6% nas carteiras de varejo, depois de caírem 10,1% no ano anterior. As LCA, do Agronegócio, que caíram 40,2% em 2017, cresceram levemente em 2018, 2%. “A queda em LCI e LCA está mais relacionada à oferta de crédito dos bancos e com a capacidade de criar garantias para essas operações com a economia ainda devagar”, explica Sanches.

O dinheiro segue concentrado na Região Sudeste, com 64% dos recursos, observa o executivo.

Por Arena do Pavini

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