SÃO PAULO (Reuters) - Os distribuidores de aços planos esperam queda de vendas neste mês após registrarem forte movimento de clientes em março, que se anteciparam a reajustes de preços implementados no início de abril pelas usinas siderúrgicas, afirmou nesta terça-feira o presidente do Inda, entidade que congrega o setor.
As vendas de aços planos por distribuidores em março subiram 17,7% sobre um ano antes e 27,3% ante fevereiro, para 382,9 mil toneladas, segundo dados do Inda. Com isso, o trimestre fechou com alta de 2% nas vendas, 962,4 mil toneladas, informou o Inda.
"Desde 2014 não tínhamos venda diária tão forte...Esta alta de 2% no trimestre confirma a possibilidade que estamos vendo do ano fechar com alta de 5%", disse o presidente do Inda, Carlos Loureiro, a jornalistas.
Por conta da força da antecipação de compras por clientes, os distribuidores esperam que as vendas de abril caiam até 15%, para 325,4 mil toneladas.
Já as compras de material pelos distribuidores de aço plano devem recuar 5%, previu o Inda, a 328,6 mil toneladas. Loureiro afirmou que a diferença nas expectativas decorre do baixo nível de estoques do setor, que encerrou março com o equivalente a apenas 2 meses de comercialização, ou 774,3 mil toneladas.
Segundo Loureiro, a queda do dólar ante o real e o aumento de preços promovido pelas siderúrgicas este mês devem permitir a nacionalização de milhares de toneladas de aço plano importado que estavam paradas em portos do país, como São Francisco do Sul (SC), à espera de um melhor momento de internalização.
Apesar disso, o presidente do Inda afirmou que as usinas não estão concedendo descontos, diante do cenário favorável às exportações, já que as sanções contra a Rússia e a destruição na Ucrânia causada pela guerra retiraram estes dois grandes produtores de aço do mercado internacional.
"Ainda que haja um cessar-fogo nos próximos 30 dias, as sanções contra a Rússia provavelmente serão mantidas. Isso vai fazer com que essa parte do comércio internacional de aço continue travada", disse Loureiro.
"Não vejo chance dos preços (do aço plano) no mercado interno refluírem", afirmou, pontuando que não há conversas no momento sobre novos aumentos de preços da liga no país.
(Por Alberto Alerigi Jr.)