Por Gabriel Codas
Investing.com - As ações da Qualicorp (SA:QUAL3) operam com leve recuo na manhã desta quarta-feira na B3, após liderar momentaneamente a alta do Ibovespa nos primeiros negócios do dia. A companhia teve lucro líquido de R$ 126,7 milhões no segundo trimestre, alta de 21,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, em resultado ajudado por alguns ganhos não recorrentes, entre eles a venda da operação do QSaúde. O resultado veio abaixo do consenso dos analistas do mercado, cuja mediana era lucro líquido de R$ 143 milhões.
Além disso, o conselho de administração da companhia também aprovou na terça-feira programa de recompra de até 10 milhões de ações da empresa, que equivalem a, aproximadamente, 3,5% dos papéis em circulação no mercado nesta data, com prazo máximo de 18 meses.
Por volta das 11h21, os papéis da administradora de benefícios são negociados com leve baixa de 0,26% a R$ 30,62, chegando a subir mais de 3% com máxima em R$ 32,00 na primeira meia hora de negociação, quando liderava os ganhos do Ibovespa. O volume negociado é de R$ 119,76 milhões. O Ibovespa recuava 0,28% a 101.836 pontos.
A receita líquida por sua vez caiu 2,8%, para R$ 483,7 milhões, refletindo estabilidade no segmento de afinidades médico hospitalar, mas retração nos demais segmentos com a perda de alguns contratos no trimestre.
O desempenho operacional medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) cresceu 11,6%, para 292,1 milhões de reais, com a margem Ebitda subindo de 52,6% para 60,4% de abril a junho.
Em termos ajustados, porém, o Ebitda caiu 1,9%, para 233,5 milhões de reais, enquanto a margem aumentou de 47,8% para 48,3%, refletindo contração de receita e maior amortização de comissões de vendas, apesar do controle de custos.
Visão dos analistas
O BTG Pactual (SA:BPAC11) destaca que com a Qualicorp focada mais em alinhamento e valor, 2020 marca a nova estratégia da empresa com base em novas iniciativas de eficiência e crescimento de alta qualidade (nos segmentos de Afinidades e PMEs).
Este último deve vir da combinação da expansão / melhoria do portfólio; foco no cliente; e aumento da penetração nas operadoras de HC. Os analisas saudam todos os acordos com novas operadoras (como Assim, CCG e GNDI). Mas, no final das contas, permanecem neutros, pois essa estratégia ainda precisa ser comprovada e validada, proporcionando um crescimento efetivo de EBITDA / lucro, algo que ainda não viram. Depois de inserir o custo de capital recente do Brasil, o preço-alvo foi elevado de R$ 25 para R$ 31.
Para a Mirae Asset, embora o resultado operacional tenha ficado abaixo da expectativa, a visão é que o pior já tenha ocorrido e que a empresa está pronta para recuperar a retomada de clientes e consequentemente maior retenção de planos e melhora de margens. A recomendação segue de compra.
Balanço
O portfólio total da companhia caiu 6,2% no segundo trimestre frente ao mesmo período de 2019, para 2.320.073 clientes. O portfólio de afinidades cresceu 3% ano a ano, para 1.318.032, enquanto o de afinidades médico hospitalar caiu 1%.
O churn diminuiu em 8,5%, para 81.425 cancelamentos, de acordo com os números disponibilizados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na madrugada desta quarta-feira,
O total consolidado da linha de custos e despesas no balanço apresentou queda de 7,6%, para 217,8 milhões de reais.
O resultado financeiro ficou negativo em 18,6 milhões de reais, um salto de 221,7% em relação ao mesmo período de 2019, o que a companhia atribuiu a aumento do endividamento como consequência da redução de capital efetuada em 2019.
A Qualicorp, que atua na comercialização e administração de planos de saúde coletivos, teve fluxo de caixa livre de 214,3 milhões de reais de abril a junho, alta de 51% na comparação ano a ano, reflexo da redução no volume de investimentos.
A dívida líquida somou 594,8 milhões de reais, de 20,8 milhões de reais um ano antes, também afetada pela redução de capital em 2019, enquanto o indicador dívida líquida/Ebitda ajustado dos últimos 12 meses passou de 0,02 para 0,7 vez.
A empresa encerrou o segundo trimestre com retorno sobre o capital investido (ROIC) de 42%, contra 41,8% no mesmo período do ano anterior.
(Com contribuição de Reuters)