SÃO PAULO (Reuters) - A arrecadação federal somou 98,816 bilhões de reais no mês passado, com queda real de 1,6 por cento sobre um ano antes, pior resultado para julho desde 2010 influenciado pela desaceleração da economia e que coloca ainda mais em xeque a meta de superávit primário neste ano.
A Receita Federal informou nesta sexta-feia que, no mês passado, o recolhimento de impostos e contribuições foi afetado pela queda da produção industrial e da venda de bens e serviços, além da renúncia tributária de 8,108 bilhões de reais.
O resultado de julho veio um pouco abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters, cuja mediana era de arrecadação de 100 bilhões de reais em julho.
Diante desse quadro, informou o secretário-adjunto da Receita, Luiz Fernando Teixeira, a previsão de expansão real --já descontada a inflação-- de 2 por cento na arrecadação neste ano não será cumprida. Ele, no entanto, não deu novas projeções.
Em linha com a economia fraca, o recolhimento dos principais tributos federais recuou, em termos reais, em julho deste ano em comparação a um ano antes: Imposto sobre Importação (-17,54 por cento), Cofins (-8,05 por cento) e Imposto de Renda total (-0,60 por cento).
No acumulado do ano, a arrecadação somou 677,410 bilhões de reais até julho, praticamente estagnada em relação a igual período do ano anterior, mostrando variação real positiva de apenas 0,01 por cento.
Neste período, a renúncia tributária por desonerações somou 58,813 bilhões de reais, ante 42,257 bilhões de reais nos sete primeiros meses do ano passado.
A arrecadação fraca e a dificuldade de controle das contas públicas ameaçam o cumprimento da meta de superávit primário do setor público consolidado deste ano, de 99 bilhões de reais, ou 1,9 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
Em 12 meses até junho, último dado disponível, a economia feita para pagamento de juros estava em apenas 1,36 por cento do PIB, e muitos agentes econômicos já não acreditam que a meta será atingida neste ano em que a presidente Dilma Rousseff busca a reeleição.
Pela pesquisa Focus do Banco Central com economistas de instituições financeiras, a expectativa é de que o PIB deste ano cresça apenas 0,79 por cento, bem menos que os 2,5 por cento vistos em 2013.
(Por Luciana Otoni)