Por Philip Pullella
ROMA (Reuters) - O cantor e compositor Pino Daniele, um dos mais populares da Itália, que fundiu canções tradicionais de sua Nápoles natal com jazz e blues, morreu de um infarto aos 59 anos, informou nesta segunda-feira seu agente.
Daniele nasceu e cresceu no bairro de Sanita, marcado pelo crime, e aproveitou essa experiência para misturar os tema de amor que cantava com outros, como a pobreza e a injustiça.
De raízes humildes, o guitarrista autodidata tocou com grandes astros como Eric Clapton, Richie Havens, Pat Metheny e Chick Corea. Sua banda abriu um show histórico de Bob Marley em Milão.
O prefeito de Nápoles, Luigi de Magistris, determinou que as bandeiras ficassem a meio mastro e declarou um dia de luto pelo cantor cuja voz melancólica e nasalada o tornou inconfundível para milhões de pessoas.
"Ainda tenho sua música em meus ouvidos", disse o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi. "Tinha uma voz incrível... seu jeito de tocar guitarra era precioso e possuía uma sensibilidade excepcional que se misturava com uma paixão e melancolia que seguirão contando a história de nosso país ao mundo inteiro", acrescentou.
Daniele estudou contabilidade, mas logo decidiu que o que queria era ser músico. Fez sua estreia com o disco "Terra Mia" em 1977, no qual falava da esperança e o desespero de sua cidade, berço do grupo mafioso Camorra.
Só quatro anos depois seu sucesso foi coroado com um show para 200.000 pessoas em uma das grandes praças da cidade no sul da Itália.
Daniele também compôs trilhas para vários filmes italianos, especialmente do diretor e ator Massimo Troisi, também morto. Ele gravou quase 25 discos em estúdio, outra meia dúzia ao vivo em shows que fez e produziu músicas para outros cantores italianos. Deixa mulher e cinco filhos.