RIO DE JANEIRO (Reuters) - O ministro da Defesa, Jaques Wagner, disse nesta quarta-feira que a prisão do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, no âmbito da operação Lava Jato, não aumenta a pressão sobre o governo da presidente Dilma Rousseff e também não justifica a saída dele da Secretaria de Finanças do partido.
"Vaccari não faz parte do governo", disse Wagner, ex-governador da Bahia e um dos quadros históricos do PT, a jornalistas durante a Laad, feira do setor de defesa e segurança que acontece no Rio de Janeiro.
"Não acho que coloca pressão na presidenta, e se tem alguém distante disso tudo é a presidente Dilma Rousseff... isso é a história da vida dela, pessoal e política. Algumas coisas não colam mesmo que a oposição queira... Parte dos problemas que ela (Dilma ) tem na política é exatamente pela rigidez e dureza dela no trato das relações políticas", avaliou.
Vaccari foi preso nesta quarta-feira, em São Paulo, e levado para a sede da Polícia Federal em Curitiba, onde estão concentradas as investigações da Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras envolvendo funcionários da empresa, empreiteiras e partidos políticos.
O tesoureiro já é réu na Justiça Federal do Paraná, onde estão os processos da Lava Jato, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo o Ministério Público Federal, Vaccari recebeu doações oriundas de propina para o PT e sabia da origem ilegal dos recursos.
Tanto Vaccari quanto o PT negam as acusações e afirmam que todas as doações recebidas pelo partido foram legais e declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O partido convocou uma reunião de emergência de seu Diretório Nacional para discutir a prisão do tesoureiro do partido nesta quarta.
Para o líder do partido na Câmara, Sibá Machado (AC), há motivações políticas na prisão do correligionário.
"Temos posição muito clara sobre Vaccari. Ele não fez nenhum tipo de arrecadação fora do que determina a lei brasileira. Essa é a nossa posição. Confiamos no que foi feito. Estamos extremamente desconfiados de que há uma orientação deliberada nessas delações premiadas para prejudicar o PT", disse.
"Os partidos, com poucas exceções, receberam dinheiro das empresas que hoje estão sendo investigadas na Lava Jato. De papel passado, de recibo, e aprovadas no TSE", disse.
SISTEMA VICIADO
Wagner avaliou ainda que a prisão do tesoureiro petista não justifica sua saída do cargo que ocupa dentro do partido e criticou o sistema político brasileiro, que classificou de "viciado".
"Pessoalmente, sei que tem pessoas que pensam diferente, não vejo motivo (de retirá-lo do PT ou da função de tesoureiro). A não ser pela impossibilidade dele exercer seu cargo, até que se conclua definitivamente as acusações", disse.
"Se nós, como brasileiros, quisermos não nos assustar com episódios como esse, a bandeira que deveria se levantar era a da reforma política. A máquina de fazer política no Brasil está viciada", afirmou o ministro.
Ele defendeu entre as mudanças necessárias, o fim das coligações proporcionais nas eleições, mudanças nas regras de financiamento das campanhas e o fortalecimento dos partidos.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier; Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello, em Brasília)