Por Tom Körkemeier e Andreas Rinke
BRUXELAS (Reuters) - Autoridades do Ministério das Finanças da Alemanha argumentaram que a Grécia poderia sair da zona do euro por cinco anos e ter algumas de suas dívidas reduzidas caso Atenas não consiga aperfeiçoar as propostas feitas para obter um resgate.
Em um documento escrito para analisar as reformas do governo grego apresentadas como condições ao empréstimo de três anos, os membros do ministério alemão disseram que o plano não aborda "soberanas e importantes áreas de reforma" e escreveram: "Nós precisamos de uma solução melhor e mais sustentável".
O documento, lido pela Reuters e reportado inicialmente pelo jornal alemão Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung, oferece "dois caminhos": ou estabelecendo condições duras que amarrem o governo grego às suas promessas ou sugerindo uma saída temporária da zona do euro.
O ministro de Finanças alemão Wolfgang Schaeuble disse a seus pares da zona do euro em uma reunião de crise neste sábado que o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras teria que fazer mais para convencer Berlim a abrir negociações para um novo empréstimo, mas várias fontes próximas ao assunto disseram que Schaeuble não trouxe à mesa a opção de saída da Grécia da zona do euro.
O documento do ministério citou três coisas que a Grécia poderia fazer para melhorar sua oferta "rápida e significativamente" com o suporte do parlamento:
Colocar empresas e outros ativos para serem privatizados em um fundo independente criado especialmente para vendê-los e usar os recursos para pagar a dívida pública nacional. Autoridades da zona do euro disseram que Schaeuble colocou esta ideia em pauta no encontro deste sábado.
Reformar a administração pública sob a supervisão da Comissão Europeia.
Legislar a favor de cortes automáticos nos gastos do governo caso as metas do déficit orçamentário não sejam atingidas.
Uma alternativa crível para Atenas, de acordo com os autores do documento, seria: "A Grécia deve receber proposta de negociações rápidas sobre uma saída temporária da zona do euro, com possível reestruturação da dívida, se necessário, feita no formato do Clube de Paris pelo menos pelos próximos cinco anos."
O Clube de Paris é um fórum criado para reestruturar dívidas soberanas. O documento ainda diz que isso iria permitir a redução do valor nominal da dívida pública grega aos olhos dos governos da zona do euro --algo que não é possível enquanto o país também é parte da zona do euro.
A Grécia, segundo o documento, deve permanecer na União Europeia e receber assistência técnica e humanitária de seus membros.
Um funcionário da UE rechaçou a possibilidade de saída temporária da zona do euro como algo que já foi sugerido no passado e dispensado como algo legal e economicamente inviável.
((Tradução Redação São Paulo, 5511 5644-7727)) REUTERS FB