ANCARA (Reuters) - O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse nesta quinta-feira que apoia uma votação parlamentar sobre o acordo nuclear firmado pelo governo iraniano com potências mundiais, e fez um chamado para que as sanções contra o país sejam retiradas completamente, em vez de suspensas, informou a televisão estatal.
O presidente Hassan Rouhani, um pragmático cuja eleição em 2013 pavimentou o caminho para um degelo diplomático com o Ocidente, se opõe a uma votação parlamentar, argumentando que criaria obrigações legais que dificultam a implementação do acordo.
"O Parlamento não deve ser deixado de lado na questão do acordo nuclear... Eu não estou dizendo que os legisladores devem aprovar o acordo ou rejeitá-lo. Cabe a eles decidir", disse Khamenei, que tem a palavra final em todas as políticas de Estado no Irã.
"Eu disse ao presidente que não é do nosso interesse não permitir que nossos legisladores analisem o acordo", afirmou ele em declarações transmitidas ao vivo pela televisão estatal.
Khamenei não endossou nem se opôs publicamente ao acordo de Viena, tendo apenas elogiado o trabalho da equipe de negociação da República Islâmica.
Uma comissão especial do Parlamento, onde predominam os conservadores linha-dura próximos a Khamenei, começou a analisar o acordo antes de submetê-lo a votação. Mas o governo de Rouhani não preparou um projeto de lei para que seja votado pelo Parlamento.
O acordo histórico, alcançado em 14 de julho entre o Irã e os Estados Unidos, Alemanha, França, Rússia, China e Grã-Bretanha, limita as atividades nucleares do país, numa tentativa de garantir que elas permaneçam pacíficas, em troca da retirada de sanções econômicas.
O presidente dos EUA, Barack Obama, parece ter garantido votos suficientes no Senado na quarta-feira para a aprovação do acordo nuclear no Congresso, mas os republicanos radicais prometem manter suas iniciativas para torpedeá-lo, por meio de propostas de projetos de novas sanções ao Irã.