Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A Verde Asset Management vê a taxa de câmbio no Brasil, com o dólar a 3,70 reais, como um dos ativos com preço mais errado no país dado o quadro fiscal, mas avalia que ainda não chegou o momento de voltar a aumentar a exposição à moeda norte-americana dado o posicionamento de investidores estrangeiros.
"Haverá a hora certa de voltar a ter exposição muito mais alta em dólar, só não parece imediatamente", segundo o relatório de gestão do Fundo Verde (Verde FIC FIM) de novembro, que terminou com 20 por cento das posições em dólar, boa parte em ações no exterior.
Nesta quarta-feira, o dólar recuou 1,92 por cento, a 3,7370 reais na venda.
Para a equipe da gestora, os fundamentos econômicos mantêm o país em uma situação muito delicada, e que provavelmente não melhorará facilmente. Mas a visão de estrangeiros da situação, em meio ao ambiente global ainda favorável e juros baixíssimos ou negativos no mundo, é o que predomina, avaliam.
Apesar do viés bastante negativo com o Brasil pelo fundamento, o time da Verde, gestora comandada por Luis Stuhlberger, pondera que o seu portfólio não está tão pessimista.
Entre as razões para tal posicionamento, eles citam que já existe muita coisa nos preços atuais dos ativos; que há risco de alta no mercado, ainda que não sustentável, se o impeachment contra a presidente Dilma Rousseff acontecer; e que os estrangeiros estão com visão e posição construtivas para Brasil.
As principais posições do fundo em reais incluem grande alocação em NTN-Bs de duração entre três e quatro anos e pequena posição montada recentemente em prefixado de ano. Também há uma aplicação modesta em ações brasileiras.
"Uma variedade de hedges catástrofe, posições estas bastante antigas, e algumas estruturas de derivativos compradas em dólar e vendidas em euro, iene e moeda chinesa também compõem a carteira", mostrou o relatório.
O fundo teve rendimento de 2,48 por cento no mês passado, ante alta de 1,06 por cento do CDI. No ano até novembro, o Verde FIC FIM exibe alta de 27,35 por cento, contra 11,93 por cento do CDI.