SÃO PAULO (Reuters) - A mineradora brasileira Vale informou nesta quarta-feira que o fluxo de caixa livre da companhia está perto do equilíbrio em 2016 e que a disciplina na alocação de capital permitirá uma redução de investimentos de cerca de 3 bilhões de dólares neste ano ante 2015.
A companhia reduziu a projeção de investimentos em 2016 para 5,5 bilhões de dólares, ante estimativa de 6,2 bilhões de dólares anunciada em dezembro, em meio a um amplo programa de redução de custos e despesas para enfrentar o atual cenário de baixos preços das commodities.
Os aportes neste ano serão 34,5 por cento inferiores aos realizados no ano passado, de 8,401 bilhões de dólares.
O plano, que inclui também entre 4 bilhões e 5,5 bilhões de dólares em desinvestimentos em ativos não essenciais em 2016, deverá permitir "uma sólida geração de caixa independente do cenário de preços", apontou a mineradora em apresentação do diretor financeiro, Luciano Siani, publicada nesta quarta-feira.
"O fluxo de caixa livre está perto do equilíbrio já em 2016, sendo que a principal prioridade da Vale passa a ser o fortalecimento de seu balanço, com a redução do endividamento", afirmou o documento.Segundo o material, a Vale conta com "desinvestimentos potenciais" para equilibrar o caixa e fortalecer o balanço, sendo que no período 2016-2017 serão avaliadas transações envolvendo ativos essenciais, "com o objetivo de reduzir a dívida líquida em 10 bilhões de dólares".
A Vale projeta que, com essas iniciativas, terá geração de fluxo de caixa livre positiva nos próximos anos "mesmo em cenário adverso de preços".
O minério de ferro, principal produto da Vale, é negociado a 53,80 dólares por tonelada no mercado à vista da China, com alta de 30 por cento neste ano, mas ainda bastante abaixo das cotações na casa dos 130 dólares registradas no segundo semestre de 2014.
A mineradora afirmou que a sobreoferta projetada de minério de ferro para 2016 "tende a ser atenuada", ao mesmo tempo em que a recuperação em alguns indicadores econômicos na China deve contribuir para elevar a demanda.
Segundo a Vale, se o minério de ferro ficar no patamar de 50 dólares a tonelada no período 2016-2020 será possível a "distribuição de dividendos em níveis elevados e dívida reduzindo rapidamente".
Se as cotações ficarem em 45 dólares por tonelada, a distribuição de proventos aos acionistas seria "moderada" e a redução da dívida aconteceria "de forma consistente".
Já um horizonte de minério de ferro a 40 dólares por tonelada permitiria apenas "distribuição marginal de dividendos e/ou redução de dívida".
(Por Luciano Costa)