SÃO PAULO (Reuters) - Ao se fazer uma sequência de um filme ruim, são possíveis apenas dois resultados: rodar um filme tão ruim quanto o primeiro ou chegar à escala máxima: torná-lo ainda pior.
A regra também vale, em parte, para os filmes bons: é sempre possível destruir uma ideia original e bem realizada, como Brad Silberling conseguiu em “Cidade dos Anjos” ao adaptar “Asas do Desejo”, filme cult de Win Wenders, com resultados desastrosos. E nem era culpa de Nicolas Cage, no papel principal, ao lado de Meg Ryan.
Em “Vizinhos 2”, Nicholas Stoller consegue entregar um filme tão ruim quanto o primeiro ao retomar a história do casal com uma filha recém-nascida, Mac (Seth Rogen) e Kelly (Rose Byrne), infernizados por jovens universitários, que montam sua fraternidade na casa ao lado.
O resultado foi uma disputa entre os dois grupos sobre quem seria destruído pelo outro. Agora, a história é igual, só que a filha já está andando, fala algumas palavras e a mesma casa é alugada por um grupo de garotas, que resolve fazer ali a sua irmandade.
Todas as piadas machistas e o humor físico e escatológico do primeiro filme são adaptados para o público feminino. E é recriado o mesmo clima beligerante, agora entre o casal atrapalhado e pacato e as novas vizinhas do barulho, com os hormônios à flor da pele, querendo aproveitar cada momento de liberdade fora da casa dos pais.
No ambiente atual, Mac e Kelly estão nas tratativas finais para vender a casa e se mudar para um local mais tranquilo. Encontram um comprador disposto a fazer negócio, mas uma cláusula no contrato determina que, durante um mês, os interessados poderão fazer visitas surpresas ao imóvel para se assegurar de que tudo anda bem.
Os planos de Mac e Kelly começam a ruir quando três garotas, Shelby (Chloë Grace Moretz), Beth (Kiersey Clemons) e Nora (Beanie Feldstein) alugam o imóvel vago para montar uma irmandade. Prevendo os problemas do passado, o casal tenta convencer as garotas a lhe darem trégua de um mês enquanto o negócio não é fechado.
Mas elas não aceitam e partem para a briga, com a ajuda de Teddy (Zac Efron), que no filme anterior era membro da fraternidade que infernizou a vida de Mac e Kelly.
Mac e Kelly, que tem seus problemas na criação da filha – que passa o filme inteiro brincando com um vibrador da mãe – são os personagens mais divertidos, em meio à perplexidade da situação que enfrentam. Mesmo em luta mortal contra as meninas, eles são defensores do feminismo e não gostariam que os sonhos delas fossem arruinados. Mas eles não podem perder dinheiro com a venda do imóvel.
Os papéis das duas protagonistas da casa ao lado não são tão bem resolvidos. Elas são chatas, principalmente a loirinha, Shelby, que é a cabeça do grupo e não consegue passar o mínimo de empatia. Sempre que ela se estrepa na disputa é inevitável se pensar: bem feito.
(Por Luiz Vita, do Cineweb)
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