Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subia mais de 1 por cento e voltava ao caminho de 3,45 reais nesta quinta-feira influenciado pelo cenário político doméstico e por temores com os próximos passos do Federal Reserve, banco central norte-americano.
Às 11:55, o dólar avançava 1,27 por cento, a 3,4303 reais na venda, depois de acumular valorização de 6,18 por cento em novembro, a maior mensal desde setembro de 2015.
Na mínima desta sessão, o dólar marcou 3,3825 reais e, na máxima, 3,4483 reais. O dólar futuro tinha alta de cerca de 1,4 por cento.
"O cenário político está conturbado, o que pressiona a moeda (norte-americana)", resumiu o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello.
Ele se referia à manobra frustrada do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de tentar aprovar urgência para votar o texto desfigurado das 10 medidas anticorrupção e que foram alvos de críticas pelo Ministério Público. Renan será julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira, por crime de falsidade ideológica, uso de documento falso e peculato.
A situação política mais sensível preocupa os investidores porque pode atrapalhar a votação de importantes medidas econômicas no Congresso Nacional.
Outro fator de preocupação era o Fed, que se reunirá neste mês para definir o rumo da taxa de juros, com expectativas amplas dos agentes econômicos de que serão elevados. O mercado vai procurar pistas sobre o ciclo de aperto, sobretudo após a eleição de Donald Trump, que pode adotar uma política econômica inflacionária e pressionar o Fed por mais altas de juros.
Pesquisa Reuters mostrou que a incerteza sobre o futuro do câmbio no Brasil e na América Latina disparou após a eleição de Trump para a Casa Branca, com chances de mais valorização do dólar nos próximos meses.
O dólar deve ser cotado a 3,49 reais no Brasil daqui a um ano, segundo a mediana das projeções de 28 analistas que variaram entre 3,88 e 2,98 reais. A grande variação das estimativas, que se repete para outras moedas, é um indicativo da incerteza sobre o câmbio na região
O movimento de alta do dólar reforçava a cautela do mercado por alguma intervenção do Banco Central brasileiro no mercado de câmbio. Mais uma vez, o BC não anunciou qualquer movimento por enquanto, mas parte do mercado acreditava que a autoridade monetária poderá anunciar leilões de swaps tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares-- para rolar os contratos que vencem em janeiro, equivalente a 5 bilhões de dólares.