Por Flavia Bohone
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice acionário da B3 (SA:BVMF3) fechou nesta quarta-feira no patamar de 76 mil pontos pela primeira vez, com a ponta positiva liderada pelos ganhos de ações da Braskem e da Petrobras, apesar de alguma cautela após o Federal Reserve decidir manter os juros dos Estados Unidos.
O Ibovespa fechou com variação positiva de 0,04 por cento, a 76.004 pontos, o suficiente para renovar a máxima histórica de fechamento pela segunda vez nesta semana.
O giro financeiro somou 12,27 bilhões de reais, acima da média diária para o mês até a véspera, de 10,4 bilhões de reais, com destaque para o movimento do grupo de diagnósticos Fleury, devido ao leilão de seus papéis.
O Fed decidiu nesta quarta-feira manter os juros norte-americanos na faixa entre 1 por cento e 1,25 por cento, mas sinalizou que ainda espera mais um aumento até o fim do ano apesar das recentes leituras fracas de inflação. O banco central dos EUA informou ainda que vai começar a reduzir seu balanço patrimonial a partir de outubro.
"O mercado acaba reagindo à decisão do Fed, mas na verdade ela não trouxe nenhuma grande novidade. A inflação ainda está baixa e eles continuam de olho nisso", disse o gerente de renda variável da H.Commcor Ari Santos, acrescentando que o gradualismo no ritmo de normalização da política monetária nos EUA deve ser mantido.
No front local, o cenário de inflação baixa, corroborado nesta manhã pelos dados do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de São Paulo e à expectativa de manutenção de cortes de juros ajudou a limitar impactos negativos na bolsa, mantendo o índice em nível recorde.
Apesar do cenário local mais favorável para renda variável, alguma cautela ainda rondou os negócios, diante da espera pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a mais recente denúncia contra o presidente Michel Temer. O julgamento ainda acontecia após o fechamento do mercado e tinha a maioria dos ministros votando pelo envio da denúncia à Câmara.
DESTAQUES
- BRASKEM PNA (SA:BRKM5) subiu 6,7 por cento, liderando a ponta positiva do Ibovespa, tendo como pano de fundo a reportagem do jornal Valor Econômico de que a petroquímica vai converter todas as ações em ordinárias. Também no radar estava a aprovação dos acionistas da empresa do balanço financeiro da Braskem referente a 2016.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) teve alta de 4,82 por cento e PETROBRAS ON (SA:PETR3) avançou 3,8 por cento, impulsionado pelas declarações do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, à agência de notícias Bloomberg, de que a compensação da União à Petrobras pode superar 12 bilhões de dólares. O movimento positivo das ações também ganhou respaldo da alta nos preços do petróleo no mercado internacional.
- USIMINAS PNA (SA:USIM5) avançou 1,63 por cento, amparada em notícias de que a siderúrgica vai aumentar os preços domésticos de aço plano em outubro em 10,2 por cento.
- VALE ON (SA:VALE3) caiu 2,21 por cento, em dia de queda para os contratos futuros do minério de ferro na China.
- ITAÚ UNIBANCO PN perdeu 1,05 por cento e BRADESCO PN (SA:BBDC4) caiu 0,58 por cento, ajudando a tirar fôlego do índice devido ao peso dessas ações em sua composição. BANCO DO BRASIL ON (SA:BBAS3) subiu 0,64 por cento, descolado dos demais papéis do setor, após analistas do Itaú (SA:ITUB4) BBA trocarem as ações do Bradesco pelas do Banco do Brasil como top pick do setor bancário na América Latina.
- FLEURY ON (SA:FLRY3), que não faz parte do Ibovespa, subiu 3,01 por cento e teve o maior giro da bolsa, de 1,48 bilhão de reais. O leilão de ações da empresa na B3 teve forte demanda nesta quarta-feira e movimentou 1,33 bilhão de reais. Foram negociadas 46,47 milhões de ações, a 28,61 reais cada, acima do previsto no edital, de 18,5 milhões de ações, no valor de 27,25 reais por ação.
(Edição Alberto Alerigi Jr.)