ADEN (Reuters) - Centenas de manifestantes protestando contra a deterioração da situação econômica do Iêmen e o enfraquecimento da moeda bloquearam estradas e queimaram pneus na cidade de Aden, ao Sul, neste domingo, fechando lojas e escritórios do governo.
O rial, moeda iemenita, perdeu mais de metade de seu valor ante o dólar norte-americano deste o início da guerra civil em 2015 entre o governo, reconhecido internacionalmente, baseado no sul e apoiado pela Arábia Saudita, e o movimento Houthi, alinhado ao Irã, que controla o Norte, incluindo a capital Sanaa.
O aumento dos preços colocou algumas commodities básicas fora do alcance de muitos iemenitas, e o banco central tem tido dificuldade de pagar os salários do setor público, dos quais muitos dependem enquanto as reservas cambiais diminuem.
Os mercados de Aden, normalmente agitados, estavam vazios no domingo após o conselho coordenador da Confederação Geral dos Sindicatos dos Trabalhadores do Sul chamar pela desobediência civil. Nuvens de fumaça por pneus queimados preenchiam o ar, inclusive na praça principal, onde fica situado o prédio do Banco Nacional do Iêmen.
Não houve relatos de protestos menores em cidades próximas.
"Não há alternativa para mudar a situação exceto revolução popular contra a corrupção em todas as suas formas", disse um dos manifestantes, Fadl Ali Abdullah.
"O povo perdeu a confiança em tudo ao seu redor."
As autoridades buscaram impulsionar a liquidez imprimindo dinheiro, mas o rial caiu de 250 em relação ao dólar para 350 após a primeira leva de notas impressas ter sido lançada no ano passado.
Ao final do ano passado, a moeda era negociada a 440 por dólar e foi para cerca de 500 em janeiro.
A Arábia Saudita, que está liderando uma coalizão militar contra os Houthis, depositou então 2 bilhões de dólares no Banco Central do Iêmen para escorar o rial, mas a moeda se enfraqueceu desde então para 550 em relação ao dólar.
A guerra criou uma crise humanitária e econômica no país já empobrecido. Uma epidemia de cólera irrompeu no ano passado, e as Nações Unidas disseram que o Iêmen pode enfrentar uma das fomes mais fatais dos tempos modernos.
(Por Mohammed Mukhashaf)