SÃO PAULO (Reuters) - O governo mineiro deixou de repassar a bancos 924 milhões de reais referentes a valores emprestados a servidores estaduais, embora os valores tenham sido descontados da folha de pagamento, segundo fontes bancárias.
Consultada, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) confirmou à Reuters que o valor foi levantado por ela a pedido de um desembargador, após análise do caso de um servidor que pediu que um banco tirasse seu nome do cadastro de proteção ao crédito.
Segundo fontes do setor financeiro a par do assunto, essa prática do governo mineiro vem acontecendo desde novembro do ano passado. Por isso, os bancos deixaram de conceder novos créditos a servidores estaduais. E em alguns casos passaram a debitar os valores referentes aos créditos devidos na conta corrente dos servidores.
O jornal mineiro O Tempo publicou mais cedo nesta segunda-feira que o governo mineiro deixou de repassar aos bancos 924 milhões de reais referentes a crédito consignado de servidores.
O movimento acontece em meio a um ciclo de crise fiscal aguda de alguns Estados brasileiros nos últimos anos, na esteira de uma severa recessão do país. Segundo dados do Tesouro Nacional, Minas Gerais teve um déficit de 6,2 bilhões de reais em 2017.
Segundo o presidente do portal de crédito consignado Meu Tudo, Marcio Feitoza, apesar da ausência de repasse dos recursos referentes ao consignado, é improvável que os bancos acionem o governo mineiro na justiça.
"A tendência é que cheguem a um acordo, como já foi feito em outros locais, até porque se os bancos derem sequência judicial, isso pode dar cassação e prisão do gestor público", disse Feitoza.
Consultada, a assessoria de comunicação do governo mineiro não foi encontrada fora do horário de expediente para se manifestar sobre o assunto.
(Por Aluísio Alves)