WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconheceu em fevereiro que sabia quão mortal e contagioso era o novo coronavírus, mas o minimizou porque não queria criar pânico, de acordo com gravações de entrevistas feitas para um novo livro.
As gravações, obtidas pela CNN e usadas em um novo livro intitulado "Rage", do jornalista Bob Woodward, vêm à tona semanas antes da eleição presidencial de 3 de novembro e ao mesmo tempo em que os esforços de Trump para combater a Covid-19 têm sido intensamente criticados por terem sido tarde demais.
O presidente republicano, que é atacado pelo oponente democrata, Joe Biden, por causa da resposta lenta do governo dos EUA ao coronavírus, minimizou o vírus por meses enquanto se espalhava rapidamente por todo o país.
"Eu sempre quis minimizar", disse Trump a Woodward em 19 de março, dias depois de declarar emergência nacional. "Ainda pretendo minimizar, porque não quero criar pânico."
De acordo com as entrevistas, relatadas pela CNN e pelo The Washington Post, Trump sabia que o vírus era especialmente mortal no início de fevereiro.
"Vai pelo ar", declarou Trump em uma gravação de entrevista em 7 de fevereiro com Woodward. "Isso é sempre mais difícil do que o toque. Você não tem que tocar nas coisas. Certo? Mas o ar, você apenas respira o ar e é assim que ele passa.”
"E isso é muito complicado. É muito delicado. Também é mais mortal do que uma gripe forte."
Woodward conduziu 18 entrevistas com Trump para o livro, que será lançado em 15 de setembro.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Kayleigh McEnany, disse nesta quarta-feira que Trump não enganou intencionalmente os norte-americanos sobre a gravidade da epidemia de coronavírus.
(Reportagem de Doina Chiacu)