RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Associação Brasileira de Investidores (Abradin) afirmou nesta terça-feira que vai entrar com ação civil pública contra a operação de venda do controle da divisão comercial da Embraer (SA:EMBR3) para a norte-americana Boeing, por entender que a transação deveria disparar uma oferta pública de aquisição de ações para todos os acionistas da fabricante brasileira de aeronaves.
O processo será encaminhado junto à 24ª vara civil federal de São Paulo do Tribunal Regional Federal da 3ª região.
A ação quer que a Justiça anule reunião do conselho de administração da Embraer de julho do ano passado que autorizou as negociações da companhia com a Boeing.
O conselho da Embraer ratificou acordo para o que chama de joint-venture com a Boeing em 11 de janeiro, depois que o governo do presidente Jair Bolsonaro anunciou ter aberto mão do direito de veto que possui na Embraer em questões estratégicas.
"Não existe 'joint venture' isso é sofisma da administração da Embraer. Existe cisão seguida de venda", afirmou o presidente da Abradin, Aurelio Valporto. "O que restar da Embraer não sobreviverá, a médio prazo, sem pesados subsídios estatais, daí as perspectivas de rebaixamento anunciadas pelas agências de rating, como Standard & Poor's e Fitch", acrescentou.
Representantes da Embraer afirmaram que a empresa não comentará o assunto.
Alguns dias depois, a Embraer anunciou que estima ter uma posição líquida de caixa quando concluir a venda do controle de sua divisão de aviação comercial para a Boeing, mas alertou que terá lucro pequeno ou zero nos próximos dois anos.
Nesta terça-feira, o Credit Suisse cortou o preço-alvo dos recibos de ações da Embraer negociados nos Estados Unidos de 28 para 24 dólares.
As ações da Embraer exibiam queda de 1,2 por cento às 10h50 na Bovespa, cotadas a 19,89 reais. No mesmo horário, o Ibovespa exibia baixa de 0,21 por cento.
(Por Rodrigo Viga Gaier)