Por Ana Beatriz Bartolo
Investing.com - Após reavaliar o valor justo das empresas que compõem o Ibovespa e ponderar pelos seus respectivos pesos na carteira teórica do índice, a Ativa Investimentos passou a projetar um novo alvo de 117 mil pontos para o Ibovespa no final de 2022, abaixo dos 138 mil pontos previstos em maio deste ano.
A metodologia avaliou os resultados do 3T21 e as novas premissas macroeconômicas, que resultariam em um target de 134 mil pontos. Entretanto, considerando a análise de múltiplos, em especial o Preço sobre Lucro (P/L) de saída de 11,9 x (média histórica) para o Ibovespa, a previsão seria de 140 mil pontos.
“Com um desconto nos resultados esperado de 125 e também um desvio nos múltiplo que os investidores estariam dispostos a pagar de 10,7 x P/L de saída, somado aos tempos de incertezas que atravessamos, chegamos aos 117 mil pontos", explica o gerente de research da Ativa, Pedro Serra.
A redução do alvo por parte da corretora está diretamente ligada com a deterioração do cenário econômico. Serra comenta que em maio de 2021, quando a última previsão foi feita, a expectativa era de uma recuperação gradual no país, mas a perspectiva disso é menos otimista hoje.
“Um exemplo disso é que a taxa de crescimento do PIB de 2022 esperada pelo mercado em junho era, na média, de uma alta de +2,2%. Agora, os investidores estimam alguma coisa entre zero e +1%", lembra Serra.
2022 tende a ser mais volátil
A volatilidade esperada pela Ativa para o próximo ano tem como base as eleições presidenciais e o risco fiscal do país. Essa mesma visão também fez com que o Bank of America Corp (NYSE:BAC) (BofA) revisasse na semana passada a sua projeção para o Ibovespa em 2022 para 125 mil pontos.
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Para o BofA, a tendência de alta na Selic também deve afastar o capital da renda variável. O seu relatório destaca que muitos setores da B3 estão com valuations semelhantes aos do fim de 2014, enquanto as taxas de juros de 10 anos estão no patamar de 12% ao ano.
O estrategista-chefe da XP Investimentos, Fernando Ferreira, e o economista-chefe do grupo, Caio Megale, consideram que o investidor estrangeiro também está receoso com o mercado brasileiro, principalmente por causa das eleições de 2022 e a queda da credibilidade no teto dos gastos imposta pelo debate da PEC dos Precatórios.
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