BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quinta-feira que o futuro do futebol brasileiro, cujos clubes estão atolados em dívidas estimadas em 4 bilhões de reais, depende da aprovação pelo Congresso de medidas apresentadas pelo Executivo para modernizar o esporte e permitir o refinanciamento dos débitos.
Dilma apontou a contradição entre a qualidade dos jogadores brasileiros que brilham no exterior e o futebol "aquém do nosso potencial" jogado nos campos do país, e disse que a nova legislação tem como objetivo transformar esse cenário e fortalecer o esporte.
"Infelizmente, hoje o país exporta os artistas, ao contrário de vários países do mundo que exportam o espetáculo", disse a presidente em discurso na cerimônia de anúncio das medidas de modernização do esporte, no Palácio do Planalto.
Segundo a presidente, uma legislação anacrônica e a ausência de mecanismos de transparência até agora resultaram num alto nível de endividamento dos clubes, e as novas medidas visam impedir no futuro que as equipes enfrentem as mesmas dificuldades de hoje.
"O futuro do nosso futebol depende da aprovação dessa legislação", disse Dilma, lembrando que antes de o governo emitir a chamada MP do Futebol ela chegou a vetar uma proposta de "mera renegociação das dívidas" dos clubes. Segundo o Ministério do Esporte, os débitos chegariam a 4 bilhões de reais.
LIMITE DE MANDATO
A proposta apresentada estabelece que os clubes terão prazo de 120 e 240 meses para pagar as dívidas com a União, mas precisarão cumprir uma série de contrapartidas, entre elas pagar sem atraso os salários e direitos de imagem dos jogadores e manter os impostos e obrigações trabalhistas e previdenciárias em dia.
Além disso, os dirigentes esportivos terão limitação de mandato, não poderão aumentar o endividamento do clube e será obrigatório o investimento de parte da receita nas categorias de base e no futebol feminino.
Os times que descumprirem as contrapartidas sofrerão punições que vão desde uma advertência até o rebaixamento de divisão ou eliminação de campeonato na temporada seguinte.
(Reportagem de Jeferson Ribeiro e Pedro Fonseca)