Rio de Janeiro, 1 mar (EFE).- Os Estados Unidos continuam interessados em adquirir 20 aviões Super Tucano da Embraer apesar do contrato de compra ter sido suspenso na terça-feira por supostos problemas na licitação, assim como em vender 36 caças ao Brasil, disse nesta quinta-feira o subsecretário de Estado de EUA, William Burns.
"Consideramos o Super Tucano uma aeronave de primeira linha e apenas peço paciência com nossa burocracia", afirmou Burns em entrevista coletiva no Rio de Janeiro ao esclarecer que a aquisição não está totalmente descartada e que todo o processo será revisado.
Burns acrescentou que a compra dos aviões brasileiros será analisada internamente em Washington e que seu país está interessado nos Super Tucano e em resolver o assunto o mais rápido possível.
A Força Aérea dos EUA anunciou na terça-feira a suspensão da compra de 20 dos aviões de Embraer por supostos problemas na documentação apresentada pela empresa.
A Embraer, terceira maior fabricante de aviões do mundo, tinha adjudicado em dezembro passado um contrato no valor de US$ 355 milhões para oferecer à Força Aérea americana aviões de ataque leve que seriam utilizados no Afeganistão.
A vitória de Embraer na licitação foi questionada pelo fabricante americano Hawker Beechcraft, que alertou para a perda de empregos nos EUA no meio da campanha para as eleições presidenciais.
"Não temos uma previsão sobre quanto demorará a revisão desse processo, mas queremos resolvê-lo o mais rápido possível", declarou Burns ao ser interrogado sobre se os EUA se pronunciarão sobre o negócio antes das eleições em seu país, em novembro.
"Queremos o melhor produto e a melhor tecnologia. Não temos dúvida que os aviões de Embraer são produtos de primeira linha e nos interessam as associações de Embraer nos EUA", comentou ao referir-se aos acordos da empresa brasileira com a americana Sierra Nevada Corporation para equipar os Super Tucano.
Burns, que iniciou hoje uma visita oficial para preparar a viagem que a presidente Dilma Rousseff realizará aos EUA em abril, descartou que a suspensão do contrato com Embraer possa prejudicar a possível venda de caças americanos ao Brasil.
A americana Boeing, com seus caças Super Hornet F/A-18, disputa com a francesa Dassault (Rafale) e a sueca Saab (Gripen NG), uma licitação do Governo Federal para adquirir 36 caças-bombardeiros que substituirão os atuais aviões de combate da Força Aérea Brasileira.
"Não consideramos que a compra de aviões de Embraer tenha relação ou possa interferir na venda dos F-18 para o Brasil", frisou Burns.
"Estamos convencidos que o F-18 é o melhor avião de combate do mundo e que a oferta feita pelos EUA é a melhor", disse o subsecretário de Estado.
Segundo Burns, os EUA se comprometeram a transferir a tecnologia ao Brasil caso adquira os F-18, algo que só oferece a seus principais parceiros.
O funcionário acrescentou que a transferência de tecnologia prometida transforma a oferta americana na melhor para o Brasil. EFE