SÃO PAULO (Reuters) - A companhia aérea Azul (SA:AZUL4), terceira maior do país, anunciou nesta segunda-feira um acordo para aquisição de ativos da Avianca Brasil no valor de 105 milhões de dólares, que, segundo uma fonte próxima da empresa, deve incluir todos os slots nos aeroportos de Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ) e cerca de metade deles em Guarulhos (SP).
O acordo não vinculante, no valor de 105 milhões de dólares, vai elevar os slots da Azul em Congonhas, um dos aeroportos mais movimentados do país, de 13 para 34, se aprovado por autoridades regulatórias e de defesa da concorrência. Atualmente, Gol (SA:GOLL4) e Latam possuem cerca de 130 slots cada uma em Congonhas, disse a fonte.
As ações da Azul fecharam em alta de 6,45 por cento na bolsa, enquanto o Ibovespa subiu 2,79 por cento.
A Azul afirmou que o entendimento, que ocorre em meio ao plano de recuperação judicial da Avianca Brasil, inclui 70 slots (espaços para pousos e decolagens) nos três aeroportos. Envolve também 30 Airbus A320 que serão alvo de novos contratos de arrendamento pela Azul, afirmou a fonte, que estimou que o acordo com a rival abrange cerca de 60 por cento das operações da Avianca Brasil.
A aquisição proposta será feita por um mecanismo chamado Unidade Produtiva Isolada (UPI) e o negócio inclui certificado de operador aéreo da Avianca Brasil, quarta maior companhia aérea do país, que possui frota de 48 aviões.
Horas depois do anúncio, a Avianca Brasil afirmou que nenhuma venda foi concretizada e que o número exato de aeronaves e de slots que irá compor a nova empresa ainda seria definido.
Mais tarde, em outro comunicado, a empresa afirmou que o objetivo conjunto da UPI é para ter "aproximadamente 30 aeronaves Airbus 320 e 70 pares de slots".
No primeiro comunicado, a Avianca Brasil afirmara também que o acordo com a Azul prevê investimento prévio para que possa manter sua operação até o leilão de venda da UPI, que será agendado pela 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo. O valor do investimento não foi revelado.
Segundo fontes próximas do assunto, o investimento da Azul, incluído no valor da transação, será de cerca 40 milhões de dólares, a ser pago para bancar as operações da Avianca Brasil até abril.
A Azul, que enviou comunicado ao mercado sobre a transação, está em período de silêncio, antes da divulgação de seus resultados de 2018, previstos para quinta-feira.
"Destacamos que o acordo é não vinculante e que o processo de aquisição da UPI está sujeito a uma série de condições como a conclusão de um processo de diligência, a aprovação de órgãos reguladores e credores, assim como a conclusão do processo de recuperação judicial. A expectativa é que esse processo dure até três meses", afirmou a Azul no comunicado.
Segundo a fonte, o valor proposto para o negócio "nasce da rentabilidade que a empresa pode ter com a operação". A Azul ficará com o pessoal da Avianca Brasil que já está encarregado pelas operações dos slots envolvidos na transação, afirmou a fonte.
"São slots que a empresa (Azul) não conseguiria ter sozinha. Sobre o restante da operação da Avianca, se a Azul quiser aumentar ela poderá fazer sozinha fora deste locais", disse a fonte referindo-se aos três aeroportos.
A Avianca Brasil pediu recuperação judicial em dezembro e contratou em janeiro a consultoria Galeazzi & Associados para ajudar a encontrar recursos e eventualmente um comprador. Os principais credores da companhia aérea são as empresas de leasing de aviões Aircastle e GE Capital Aviation Services.
Entre o fim de 2016 e setembro de 2018, os passivos da Avianca Brasil para firmas de leasing quintuplicaram para 415 milhões de reais, de acordo com as demonstrações financeiras da empresa.
Em dezembro, o presidente-executivo da Azul, John Rodgerson, havia comentado que a empresa não tinha até então nenhum plano para uma oferta pela Avianca Brasil.
(Por Alberto Alerigi Jr. e Marcelo Rochabrun; edição Gabriela Mello)