Por Marta Nogueira e Alexandra Alper
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Baker Hughes, uma unidade da General Eletric, prepara-se para participar de licitação da Petrobras (SA:PETR4) que prevê um acordo inédito de compartilhamento de produção em um campo terrestre, afirmou à Reuters o presidente da empresa no Brasil, Alejandro Duran, enquanto a petroleira busca formas criativas para impulsionar a produção de campos maduros.
A Reuters publicou em junho que a Baker Hughes estava considerando uma oferta, enquanto a Halliburton e a Schlumberger já estavam se preparando, em busca de conquistar a primeira oferta da Petrobras para um acordo de compartilhamento de produção com uma empresa de serviços de petróleo.
"Nós estamos discutindo com a Petrobras. É um contrato novo, então a troca de informações, afinar o termo, é um processo laboroso. Tudo o que é primeiro sempre precisa de muito trabalho", disse Duran, acrescentando que a empresa está vendo como é a melhor maneira de realizar o negócio.
"É interessante, a Petrobras vindo para o mercado com uma coisa nova, tem que ser uma coisa que nós conseguimos jogar o ganha-ganha, isso é a coisa mais importante agora."
Um acordo representaria um novo caminho para a Petrobras, a empresa de petróleo mais endividada do mundo, impulsionar a produção de campos maduros sem perder o controle ou arriscar o capital, em parceria com um dos maiores provedores de serviços de petróleo do mundo.
Também permitiria que as empresas de serviços de petróleo usassem equipamentos caros e ociosos devido a uma desaceleração da indústria de petróleo do Brasil, atingida pelos preços mais baixos do petróleo em anos recentes e por um enorme escândalo de corrupção na Petrobras.
As empresas vão competir prometendo aumentar a produção do campo Canto do Amaro (Bacia Potiguar), onde a produção começou em 1986, e oferecendo uma maior parcela da produção para a Petrobras, disseram fontes em junho.
Com base nos resultados do projeto, a Petrobras decidirá se aplicará esse modelo em outras áreas, disse a própria Petrobras em julho, confirmando a reportagem da Reuters.
As propostas estavam originalmente previstas para junho, mas pelo menos uma empresa buscou uma extensão. Duran confirmou à Reuters que houve uma extensão de prazos, sem especificar uma data, mas considerou que um novo adiamento poderá ocorrer.
O vencedor seria responsável por todo o investimento a ser feito no campo e pelo custo de operação e manutenção de todos os poços, assim como pelo abandono dos poços por ela perfurados no cluster Canto do Amaro, localizado no litoral do Estado do Rio Grande do Norte.
A licitação inclui um contrato de 15 anos e a Petrobras continuaria sendo a operadora.
A Baker Hughes, da GE, não costuma ter participações em projetos de clientes.
No entanto, no ano passado, anunciou um acordo com a Twinza Oil Limited para fornecer uma gama de serviços para o desenvolvimento de um campo de gás offshore em Papua Nova Guiné, e fornecer uma linha de crédito para financiar a avaliação do campo.
NOVOS CONTRATOS
Além de buscar o contrato em Canto do Amaro com a Petrobras, Duran afirmou que a companhia está participando de outras licitações colocadas no mercado e que também tem boas expectativas relacionadas à entrada de novos operadores no pré-sal, para futuros negócios.
"A gente está muito entusiasmado com a pluralidade dos 'players', que é importante para uma companhia de serviço... é bom ter capacidade de balancear o mercado com vários operadores", disse o executivo, frisando que a Baker deseja também uma Petrobras forte, pontuando que a brasileira é sua principal cliente no Brasil.
Para a frente, Duran afirmou que o foco da empresa é assegurar uma boa carteira de contratos com petroleiras, como a que tem hoje, diante de uma competitividade mais acirrada com outras companhias de serviços. Além disso, em poucos anos, a Baker planeja crescer a partir de novos projetos advindos dos leilões recentes realizados pelo governo brasileiro.
(Por Marta Nogueira e Alexandra Alper)