São Paulo, 25 abr (EFE).- O Banco Central (BC) apontou nesta quinta-feira para uma possível nova alta dos juros, depois da recente alta de um quarto de ponto de sua taxa de referência, para 7,5% anuais, devido às tensões inflacionárias.
Carlos Hamilton, diretor de Política Econômica da entidade, declarou em um fórum econômico que o BC refletirá sobre a possibilidade "de intensificar o uso do instrumento de política monetária, da taxa Selic", a taxa básica de juros.
Hamilton afirmou que a inflação corrente e as expectativas inflacionárias estão "elevadas".
Os preços tiveram em março uma alta anualizada de 6,59%, número que superou a meta oficial, o que levou o BC a realizar a primeira alta dos juros desde o começo do mandato da presidente Dilma Rousseff, em janeiro de 2011.
Hamilton disse que os dados preliminares apontam que a economia brasileira cresceu 1% no primeiro trimestre, ou seja, 4% em termos anuais, o que, se for confirmado, seria o ritmo mais acelerado desde o segundo trimestre de 2010.
Essa é uma taxa "superior ao crescimento potencial" do Brasil, que ele estipulou em torno de 3%.
Hamilton descreveu a inflação como "elevada, disseminada e resistente", mas afirmou que "não está, nem estará" fora do controle, devido às medidas do Banco Central.
O diretor opinou que "o balanço de riscos é desfavorável" em relação à inflação, em vista de fatores como os aumentos de salário e o crescimento do consumo e do investimento.
Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco, opinou que as palavras de Hamilton manifestam "uma preocupação um pouco maior com a inflação" do que estavam "percebendo. Subiu um pouco o tom".
O banco privado prevê que o BC eleve a taxa de juros em 0,75 pontos percentuais este ano e que a mantenha nesse nível em 2014, segundo disse Goldfajn a um grupo de jornalistas após o ato no qual participou Hamilton, organizado pelo Itaú Unibanco.
Por sua vez, o presidente do Santander Brasil, Marcial Portela, previu que as taxas de juros poderiam registrar uma alta de 100 básicos se fosse necessário para conter a inflação, uma das grandes preocupações das autoridades econômicas do Brasil.
Em entrevista coletiva, Portela elogiou a independência do emissor brasileiro e acrescentou que faz um trabalho "impressionante".
O Banco Central prevê que o produto interno bruto (PIB) do Brasil cresça 3,1% neste ano, em contraste com o 0,9% de 2012.
"Prevalece um clima de recuperação da confiança", disse Hamilton, que acrescentou que 2013 será melhor que 2012 e, 2014, melhor que o 2013.
O Banco Central prevê que a inflação será de 5,7% neste ano e de 5,3% em 2014. EFE