Rio de Janeiro, 17 jun (EFE).- O vice-presidente do Banco Mundial (BM) para a América Latina e o Caribe, Hasan Tuluy, enfatizou neste domingo a importância da região para impulsionar o desenvolvimento sustentável no mundo e se mostrou otimista quanto ao potencial do Brasil em avançar no tema.
Em uma entrevista coletiva no Rio de Janeiro por ocasião da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), Tuluy elogiou a América Latina pelos progressos socioeconômicos obtidos nos últimos anos que, segundo ele, reduziram a desigualdade social no subcontinente e tiraram dezenas de milhões de pessoas da pobreza.
Em relação ao Brasil, o vice-presidente do BM elogiou os esforços governamentais dos últimos anos em proteger as florestas naturais: "Apesar do crescimento da economia e da população, o Brasil tem conseguido reduzir o desmatamento".
Tuluy admitiu os problemas político-econômicos que dificultaram o desenvolvimento sustentável da região durante o que chamou de "duas décadas perdidas", referindo-se aos anos entre a conferência Eco-92 - realizada no Rio 20 anos atrás - e a Rio+20. No entanto, ele avaliou positivamente o momento atual.
"Hoje a América Latina está muito mais democrática e aberta, e seus líderes são mais pragmáticos", declarou o vice-presidente do BM, que ressaltou o princípio de uma "sociedade inclusiva" para o desenvolvimento sustentável.
Para ele, o processo não depende apenas de um governo ou entidade, mas precisa contar com esforços por parte das comunidades locais e dos legisladores.
"A América Latina é uma líder em proteção do meio ambiente", comentou.
No mesmo evento, o diretor setorial do Departamento de Desenvolvimento Sustentável do Banco Mundial, Ede Jorge Ijjász Vásquez, demonstrou seu apoio à adoção de energias renováveis por parte do Brasil.
Ele admitiu, no entanto, a complexidade de difundir a energia hidrelétrica no país devido ao impacto da principal matriz energética brasileira para a natureza e para as comunidades locais afetadas pela construção de represas.
Vásquez disse em entrevista à Agência Efe que as autoridades precisam de análises e discussões para avaliar as consequências.
"Justamente por essas razões, é necessário levar em conta essas exatas variáveis ambientais e sociais desde o princípio", afirmou o diretor, que ressaltou, por outro lado, a possibilidade de pagar "compensações" às comunidades locais afetadas.
Embora reconheça que o uso generalizado das energias solar e eólica ainda seja caro para a demanda brasileira, Vásquez destacou que essas fontes estão se inserindo cada vez mais no país, o que tende a reduzir os custos.
Ele comentou ainda sobre as alternativas para reduzir a emissão de gases poluentes por parte dos veículos automotores, principais meios de transporte no Brasil. O diretor enfatizou o potencial do transporte fluvial no país, além de citar a necessidade de se resolver os congestionamentos nas rodovias. EFE