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Bancos do Chipre reabrem em clima de calma, mas com restrições

Publicado 28.03.2013, 17:12

Andrés Mourenza.

Nicósia, 28 mar (EFE).- Os bancos do Chipre começaram a retornar à normalidade nesta quinta-feira, mas com severas restrições ao movimento de capitais e de forma ordenada, mas mesmo assim, muitos clientes temiam pelo futuro de suas economias.

Os bancos cipriotas reabriram hoje ao meio-dia local após quase duas semanas de fechamento, e grandes filas se formaram especialmente nos bancos que estarão sujeitos à reestruturação, o Banco do Chipre e o Laiki, os dois maiores do país.

Eram na maioria pessoas sem cartão de crédito, que não puderam sacar dinheiro nos caixas automáticos durante o fechamento dos bancos, e clientes que necessitavam depositar seus cheques ou perguntar pelo tipo de transações que poderão realizar dentro das severas limitações impostas pelo governo.

Era o caso de Chrisalia, uma idosa que tricotava em frente a uma agência do Banco do Chipre, e expressava sua raiva chamando os banqueiros e políticos de "bandidos" por não permitirem o seu acesso a sua pensão.

Mais trágica era a história de Eduardos, um imigrante grego residente no Chipre há três anos e desempregado há um, que tinha ido ao Laiki para tentar retirar suas economias, o que não pôde fazer devido às restrições impostas. Durante o fechamento bancário, seu cartão de débito não funcionava, por isso se viu obrigado a vender seu veículo por 700 euros para ter algum valor em mãos.

"Minha mulher é a única que trabalha, mas ganha em cheques e não podemos sacá-los. Agora, com o dinheiro do carro, comprei a passagem de volta à Grécia", lamentava, enquanto segurava a filha de dois anos.

Segundo a direção do Ministério das Finanças, não se pode sacar mais de 300 euros por dia das contas bancárias e está proibido tirar do país mais de mil euros, seja por transferência ou fisicamente.

Os maiores problemas dos clientes foram os cheques. Os valores dos mesmos não poderão ser sacados, apenas depositados em conta e, além disso, somente no banco emissor.

"Há muita incerteza porque tenho a conta no Laiki e, pelo que ouço, meus empregados não poderão sacar seus cheques do salário a menos que tenham conta nesse banco. Não sabemos o que vai acontecer", explicou Anthi, proprietária de um bar, que também afirmou que não pretende passar pelo banco nos próximos dias, na esperança de que a situação se esclareça.

O número de policiais e guardas de segurança privados aumentou em torno das agências bancárias, mas o dia transcorreu calmamente.

Duas horas depois da abertura, quase não havia clientes dentro dos bancos e o presidente cipriota, Nicos Anastasiades, agradeceu aos cidadãos a "maturidade" e "responsabilidade" que mostraram durante o dia.

Em resposta à crise, o governo anunciou que o salário do presidente, aproximadamente 158.551 euros anuais, será reduzido em 25%, e o dos ministros em 20%.

Além disso, o Executivo cipriota explicou que conseguiu negociar com a "troika" (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia) para que os fundos do governo, dos municípios e das universidades fiquem fora do confisco nos depósitos superiores a 100 mil euros do Banco do Chipre e do Laiki.

No início, as restrições sobre o movimento de capitais serão revisadas todos os dias durante uma semana, mas o ministro das Relações Exteriores, Ioannis Kasulides, disse hoje que prevê que as mesmas fiquem em vigor "por aproximadamente um mês".

Agora resta saber que efeito estas restrições terão sobre a economia do Chipre - que são uma quebra na liberdade de movimento de capitais, um dos pilares do mercado comum europeu - e a reestruturação bancária, com o confisco dos depósitos e que devem levar a um aumento do desemprego.

Todos os analistas concordam com as previsões de que a economia da pequena ilha nunca mais será a mesma.

Maria, que esperava em uma fila em frente a sua agência bancária, lamentava o fato de seu país não ter aceitado o primeiro acordo do Eurogrupo, que incluía uma taxa aos depósitos de até 9,9%: "Se tivéssemos aceitado, talvez agora não estivéssemos nesta situação". EFE

amu/rpr

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