Por Aluisio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - As ações do Banco do Brasil (SA:BBAS3) subiam nesta quinta-feira a reboque de resultados trimestrais animadores e de indicações da administração de que vai perseguir rentabilidade crescente neste ano e que prepara as primeiras vendas de ativos.
Às 13:50, a ação do BB tinha alta de 2 por cento, na contramão do setor. O Ibovespa tinha oscilação positiva de 0,04 por cento.
Mais cedo, a instituição anunciou que seu lucro ajustado no quarto trimestre atingiu 3,845 bilhões de reais, alta de 20,6 por cento ano a ano, o que levou o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) a 16,3 por cento, o pico em 5 anos.
Falando a jornalistas, Rubem Novaes, que assumiu a presidência-executiva do BB no mês passado, sinalizou que manterá as linhas gerais da administração recente, com foco no controle de despesas e na ampliação das receitas com tarifas.
"Podemos alcançar a rentabilidade dos bancos privados ou até superar", disse Novaes. Rivais como Itaú Unibanco, Bradesco (SA:BBDC4) e Santander Brasil (SA:SANB11) tiveram índices acima de 20 por cento no fim de 2018.
O centro da faixa estimativa de lucro de 2019, de 14,5 bilhões a 17,5 bilhões de reais, divulgada junto com o balanço, implica um aumento de quase 19 por cento sobre o registrado no ano passado, o que nos cálculos do Credit Suisse devem elevar o ROE para 17,1 por cento.
A combinação dos resultados trimestrais com as estimativas para este ano foi celebrada por analistas, que reforçaram recomendação de compra para os papéis do BB.
"A mensagem do 'guidance' é definitivamente positiva, com o BB indicando que pretende elevar sua rentabilidade e posição de capital", afirmou a equipe do BTG Pactual (SA:BPAC11) chefiada por Eduardo Rosman.
VENDAS DE ATIVOS
Na entrevista coletiva com a imprensa, Novaes indicou também que as participações no Banco Votorantim e no Banco Patagonia estão na lista de ativos que pretende desinvestir por considerá-los que não têm sinergia com o BB.
O banco inclusive já está contratando uma consultoria para avaliar estratégias para o Banco Votorantim, do qual divide o controle com o Grupo Votorantim.
"Estamos avaliando alternativas para esse investimento", disse Novaes a jornalistas, adiantando que uma hipótese já descartada é de comprar a metade detida pelo sócio.
Na terça-feira, o Banco Votorantim anunciou que teve lucro de 282 milhões de reais no quarto trimestre, também atingindo a maior rentabilidade em vários anos, mas ainda inferior à do BB.
Novaes afirmou ainda que avalia opções para a fatia controladora que tem no argentino Banco Patagônia. No caso da Cielo (SA:CIEL3), empresa de meios de pagamentos que vem perdendo mercado e rentabilidade há anos, e da qual divide o controle com o Bradesco, não há planos de fechamento de capital, disse.
O executivo reforçou também estratégia de parcerias em segmentos de negócios como banco de investimentos e gestão de recursos de terceiros. Novaes, porém, não detalhou prazos para essas transações, especialmente nos casos de desinvestimentos.
"Não temos pressa para vender ativos", disse Novaes.
(Com reportagem adicional de Paula Laier e Carolina Mandl)