Por Gabriel Codas
Investing.com - O Banco do Brasil Investimentos (BB-BI) publicou um relatório avaliando que a percepção do mercado é que o coronavírus veio para ficar, sendo mais uma patologia global que necessitará de uma vacina específica. Assim, enquanto esteve restrita na China, o seu impacto não foi realisticamente espelhado pelos mercados. Todavia, no final de fevereiro, a doença se espalhou globalmente e elevou a aversão ao risco dos investidores, derrubando significativamente os índices acionários em todo o mundo.
O documento aponta que, em um primeiro momento, passou a existir a certeza de que haverá impacto econômico global e no Brasil, já no curto prazo, o que levou a uma mudança para baixo na pontuação do Ibovespa, em meio à temporada de balanços de empresas do 4T19. As incertezas envolvem o comprometimento do crescimento econômico ainda este ano, com o mercado precificando que haverá uma desaceleração do PIB mundial.
Externamente, o Federal efetuou uma reunião extraordinária – evento que não ocorria desde 8 de outubro de 2008 (época do auge da crise do subprime nos EUA) – na qual reduziu em 50 pontos-base a taxa de juros norte-americana, para o intervalo entre 1,00% e 1,25%, levando o juro real local a ficar negativo, dado que a inflação (PCE- núcleo A/A) gira em torno de 1,7%. Também, novas medidas de política monetária são esperadas tanto nos Estados Unidos como nas demais grandes economias mundiais, como forma de estímulo econômico-financeiro.
No Brasil, surgiram casos suspeitos, mas muito poucos confirmados até o momento. De toda a forma, o impacto adverso global conjecturado do coronavírus passou a ser precificado, levando os investidores a efetuarem ajustes em seus portfólios, selecionando papéis de setores que poderão ser menos atingidos economicamente, levando em conta também as companhias que ratificaram os resultados esperados.
Entre os setores a serem impactos, o de açúcar e álcool deve ser o principal deles, em função da queda nos preços das commodities internacionalmente, em especial o segmento de etanol, em que há paridade aos preços de petróleo.
O BB-BI avalia que o impacto no setor aéreo é relevante, com perspectiva de redução nos números de passageiros em viagens de lazer e corporativas internacionais. A gestão da frota no mercado doméstico será o diferencial das companhias.
Em alimentos e agro, o BB-Bi também espera impactos negativos relevantes, tanto em demanda quanto em preços, no setor de proteína animal e vegetal no curto prazo, diante da exposição dos exportadores brasileiros ao mercado chinês.
Além disso, os setores de mineração, papel e celulose e de petróleo e gás também devem sofrem alto impacto com a epidemia da doença.