Investing.com - O Banco do Brasil Investimentos (BB-BI) divulgou relatório a clientes com as perspectivas para os balanços do primeiro trimestre de 2019 das empresas do setor de papel e celulose. Na visão dos analistas, o período deve ser impactado por menores volumes vendidos e melhores preços lista devido ao ‘cabo-de-guerra’ entre as papeleiras chinesas e os produtores de celulose.
Dessa forma, a expectativa é por um trimestre estável quando comparado ao 4T18, o qual já havia sido fraco e, provavelmente, um cenário mais conservador que o esperado para o primeiro semestre de 2019, com um crescimento mais forte vindo apenas a partir da segunda metade do ano.
Para a equipe, o segmento de papel deve apresentar um resultado estável com uma demanda ainda não impulsionada pela recuperação do mercado brasileiro. O relatório Focus do Bacen apresentou mais uma revisão para baixo do PIB, o qual está agora em 1,95% (ante 2,01%, previamente).
Dessa forma, a avaliação do banco é que com a economia engatinhando, fica ainda mais difícil destravar os impulsionadores de consumo no mercado doméstico de papel, impactando, assim, volumes e implementação de aumentos de preços.
O relatório avalia ainda que o cenário para os produtores de celulose continua acirrado no curto prazo, com as pressões atuais nos preços danificando margens. Os sinais não são bons, com os estoques em 2019 acima da média histórica e as margens dos produtores de papel comprimidas por preços internacionais mais baixos.
O documento relata que os volumes vendidos do 1T19 devem refletir este cenário desafiador, tendo em vista os embarques do Brasil para a China terem caído 1,1% a/a no período, encerrando a tendência de alta observada no último ano.
Já a redução dos embarques foi uma tentativa dos produtores brasileiros de reduzir a oferta e forçar os preços para baixo no mercado chinês e, assim, trazer os preços a níveis mais elevados. De acordo com a companhias, as condições de mercado devem melhorar a partir de abril, considerando que os estoques na China alcançaram o pico em fevereiro e passariam a reduzir desde então.
O BB-BI explica que as exportações brasileiras de celulose melhoraram em março, chegando a 1.262 kton, voltando aos níveis médios mensais de 2018; um bom sinal, apesar dos níveis de estoques ainda acima da média.
Além disso, no trimestre, as vendas de caixas de papelão retraíram 1,2% comparado ao 1T18 e 5,5% comparado ao trimestre anterior, de acordo com a ABPO (Associação Brasileira de Papelão Ondulado). A associação estima um crescimento de 3% para este ano, o que pode ainda ser revisado para baixo se as expectativas para o crescimento do Brasil continuarem a cair.
Já os preços de kraftliner caíram nos mercados internacionais, após dois anos de crescimento constante, principalmente afetados pelo menor crescimento do mercado norte-americano. Na Europa, o excesso de oferta levou os preços a caírem, especialmente de kraftliner marrom; ainda, o kraftliner White-top também foi afetado com a entrada de produtos importados mais baratos no continente.
Para os analistas, as incertezas relacionadas ao preço de referência na indústria da celulose devem continuar, ao menos no curto-prazo. Não obstante, os rumores de que os estoques dos produtores de celulose estão em seus maiores níveis, ao passo que os de produtores de papel possam ter chegado ao piso levam eles a crer que as condições devem navegar por água mais calmas agora.
No segmento de papel, em face da revisão das projeções do PIB brasileiro, a demanda poderá ficar limitada, especialmente para IE e cartão. Para a equipe do banco, devemos ver implementação de preços apenas na segunda metade do ano, respondendo à demanda sazonal.