Money Times - A notícia da renúncia de Eduardo Campozana Gouveia ao cargo de diretor-presidente da Cielo (SA:CIEL3) pegou o mercado de surpresa na manha desta sexta-feira (13), com as ações da companhia despencando mais de 6% na abertura do pregão. Apesar do susto, a empresa esclareceu em teleconferência que sua estratégia de negócios permanecerá, o que ajudou a recuperar a confiança dos investidores e fez com que os papéis invertessem as perdas, encerrando o dia com avanço de 3,05%, cotados a R$ 16,90.
Gouveia alegou questões de foro pessoal e familiar para deixar o comando da companhia. Ele renunciou ao cargo e será substituído interinamente por Clovis Poggetti Junior, atual vice-presidente de Finanças e de Relações com Investidores, disse a Cielo em fato relevante.
Gouveia acompanhará o processo de sua transição até a saída efetiva no mês de agosto. Posteriormente, Poggetti Junior, que ingressou na Cielo em 2007, vai auxiliar na transição até a posse efetiva do sucessor.
“No período de um ano e meio em que Gouveia ficou a cargo da empresa de meios eletrônicos de pagamento, o ambiente de negócios mudou completamente de forma bastante turbulenta para a Cielo, principalmente devido a uma concorrência mais acirrada. A empresa, líder de mercado, foi atacada em seus negócios mais lucrativos”, avaliam os analistas Wesley Bernabé, Carlos Daltozo e Kamila Oliveira da BB Investimentos (BB-BI), em relatório enviado a clientes.
“No entanto, em nossa opinião, a empresa tem provado a resiliência do seu modelo de negócios nestes tempos difíceis. Para nós, que acompanhamos de perto as iniciativas da empresa, ficou visível a mudança na cultura organizacional promovida durante o governo Gouveia”, explicam.
Acalmando o mercado
“Após a teleconferência, ficou claro… que a sucessão será suave. Isso dissipou qualquer medo e as ações reverteram as perdas. A nosso ver, a Cielo continuará a seguir sua estratégia de negócios já definida e não haverá mudanças significativas no atual cenário altamente competitivo”, avaliam.
A BB-BI mantém a recomendação de “market perform” (desempenho em linha com a média do mercado) para as ações ordinárias da companhia, estipulando um preço-alvo de R$ 25,00 para os papéis até dezembro de 2018, o que representa uma valorização de 52,4%.
Riscos não afetam curto prazo
Na última quarta-feira (11) foi publicado o relatório final do Congresso sobre a CPI de cartões de crédito. Na visão do analista Alexandre Spada do Itaú BBA, se as principais sugestões contidas nesse relatório forem totalmente implementadas, poderão desencadear mudanças estruturais significativas no setor de pagamentos brasileiro, em especial para a Cielo.
“As sugestões de ações para o Banco Central – avaliado como entidade mais apropriada para alavancar mudanças regulatórias no setor – poderão pressionar a lucratividade da Cielo, devido a redução de receitas de pré-pagamento e competição vindo de serviços de pagamentos instantâneos”, explica.
“Por outro lado, ainda não há informação de quando e se serão mesmo aplicadas as propostas”, destaca. O analista enxerga que este risco seguirá acompanhando as ações da companhia. O Itaú BBA mantém a recomendação de “market perform”, estipulando um preço-alvo de R$ 22 até o final de 2018.
Por Money Times